Câmara vota cassação de Rony e Takahashi
Relatório indica que houve quebra de decoro parlamentar; vereadores afastados são suspeitos de receber vantagens indevidas para aprovar projetos de zoneamento urbano
Ofuturo de dois ex-presidentes da Câmara de Londrina será definido neste domingo (16). Os vereadores votam o relatório que indica a cassação dos mandatos de Mario Takahashi (PV ) e Rony Alves (PTB) por quebra de decoro parlamentar por conta dos fatos trazidos à tona pela Operação ZR3, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), deflagrada em janeiro. A dupla é suspeita de receber vantagens indevidas para aprovar projetos de mudança de zoneamento urbano. A sessão será aberta às 9 horas.
Na tarde desta sexta-feira (14), o juiz Marcos José Vieira, da 1ª Vara de Fazenda Pública de Londrina, expediu uma decisão que assegura a realização do julgamento ao indeferir mais um mandado de segurança impetrado pelas defesas dos vereadores afastados. O pedido de liminar alegava cerceamento de defesa por conta da não anexação de alegações finais no relatório do vereador João Martins (PSL) após o último depoimento de Takahashi, colhido na manhã de quinta-feira (13). “(..) caberá ao próprio impetrante ou a seu defensor apontar essa incongruência nas alegações orais que lhe serão franqueadas quando da sessão de julgamento”, afirmou o magistrado.
Na noite desta sexta, o advogado Maurício Carneiro, que defende Rony Alves, entrou com mais um mandado de segurança na tentativa de anular o trabalho da Comis- são, alegando ausência de provas. Pelo menos até o início deste mês, as defesas haviam entrado com 21 mandados de segurança. Sempre que questionado, Takahashi afirmou que o objetivo é obter segurança jurídica, já que garante a própria inocência.
O professor do Departamento de Filosofia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Elve Cenci, lembra que o desgaste político é agravado por conta da protelação do julgamento. “Se os dois vereadores tivessem a certeza de que eles seriam absolvidos, eles próprios estimulariam uma votação rápida para acabar o desgaste político, porque quanto mais tempo de exposição negativa na mídia, maior o tempo da agonia política dos dois”, afirmou.
Para cassar os mandatos, são necessário votos de 13 dos 19 vereadores. Apenas Filipe Barros (PSL) não participa da sessão por ser o autor da representação. No lugar dele, foi convocado o suplente Emanoel Gomes (PRB).
Segundo o presidente da Câmara, Aílton Nantes (PP), uma tenda será montada do lado de fora e haverá reforço na segurança. “Primeiro será feita a leitura do processo e não podemos dimensionar o tempo que vai demorar porque a defesa pode solicitar as partes, depois vêm as falas dos vereadores”, explicou.
BOCA ABERTA
Cassado em outubro de 2017, o ex-vereador Emerson Petriv, conhecido como Boca Aberta (Pros), conseguiu reverter o processo que retirou o mandato dele. A decisão garante a elegibilidade e também pode devolver o cargo ao político. Boca Aberta, que é candidato a deputado federal, já adiantou que pretende retomar o cargo assim que for notificado pelo Legislativo.
A liminar foi proferida nesta quinta-feira (13) pela desembargadora Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes. A assessoria do Legislativo informou que a Casa ainda não foi notificada da decisão. (Colaborou Luís Fernando Wiltemburg)
Se tivessem certeza de que seriam absolvidos, eles estimulariam uma votação rápida”