Folha de Londrina

Produtor projeta investimen­to em robô que ordenha vacas sozinho

- 15 E 16 DE SETEMBRO DE 2018 ( V.L.)

Quando o assunto é leite de qualidade, Valdeir Martins é o exemplo que precisa ser seguido, um modelo para cadeia. Há 24 anos no mercado com a marca De Leite - tipo A - o produtor nunca se meteu a vender para indústrias e cooperativ­as. A ideia sempre foi levar ao consumidor o que há de melhor e, ao longo dos anos, provou que tem mercado para isso.

Enquanto a indústria e produtores atende níveis de contagem bacteriana total (CBT) na casa das 300 mil unidades formadoras de colônias (ufc) por mililitro de leite (mL), na propriedad­e de Martins, o leite sai envazado abaixo de 10 mil ufc por ml. É claro que no caso dele o produto não passa por transporte e diversos tanques, o que dificulta muito o controle. Ele avalia como positivo sempre buscar novos patamares técnicos para a cadeia, inclusive por meio das novas portarias.

“O ser humano é adverso a mudanças. Mas com o passar do tempo, todos vão se adequando, a indústria vai melhorando. Antes a contagem bacteriana passava de milhão, depois baixou para 750 mil, depois 300 mil. Nada é impossível, nosso limite hoje é de 10 mil, mas é questão de dedicação”, resume.

Dedicação, claro, que está associada a uma boa remuneraçã­o. Valdeir também entende que fica difícil investir em tecnologia­s para melhorar os índices técnicos do leite se, de forma geral, o produtor é mal remunerado. “Difícil atingir tais níveis recebendo uma miséria. Eu tenho um diferencia­l de preço e folga para trabalhar. Colocamos o preço de acordo com as nossas necessidad­es. O produtor não sabe bem quanto vai receber, entrega o leite hoje para receber o mês que vem. Assim não sabe se dá para investir mais ou menos. Isso também é culpa do consumidor, que quer pagar R$ 1,50 no litro do leite. Nem água custa isso. A indústria peca muito com o preço de venda.”

Atualmente, a produção da marca gira em torno de 1,1 mil litros de leite por dia, e na propriedad­e de Martins são em média 80 vacas em lactação. Ele entrega o produto dele, envazado, a R$ 3,50 o litro no comércio, valor bem acima do R$ 1, em média, que os demais produtores entregam na indústria. “Nos EUA não se fala mais em leite longa vida desde o final da década de 1980. Aqui o mais trabalhoso é criar os animais, com alimento de boa qualidade, investimen­to em equipament­os, mão de obra bem remunerada, além de um sistema bom de refrigeraç­ão, baixando a temperatur­a do leite.”

O produtor já está num patamar tão elevado que esta semana foi até Castro, na propriedad­e de Armando Rabbers, produtor pioneiro no sistema de ordenha robotizada da América do Sul, colocado em 2013. O sistema de ordenha voluntária (VMS) consiste num braço hidráulico que executa todo procedimen­to de ordenha sozinho, de forma automática. Identifica a vaca, alimenta, faz a limpeza dos tetos (por meio de fluxo de água e ar), estimula, tira os primeiros jatos e seca. Feita essa preparação inicia a ordenha. “É algo que estou pensando para o ano que vem, um robô que funciona 24 horas, que pensa (inclusive) no bem-estar animal. A máquina custa em torno de R$ 600 mil, mas o investimen­to total pode chegar a R$ 1 milhão.”

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