Folha de Londrina

Soja, renda per capita e consumo de proteínas

- 15 E 16 DE SETEMBRO DE 2018

Mesmo para os mais desligados da realidade, não há como dissociar a produção de soja com a de carnes. Afinal, não se produz soja com o objetivo de gerar óleo comestível ou biodiesel para os automóveis, mas para produzir farelo que, misturado a algum cereal (geralmente milho), produz a ração que alimenta o frango, os peixes, o porco, a vaca de leite e os bovinos de corte confinados, geradores da proteína animal da qual tanto dependemos para uma alimentaçã­o saudável.

O impulso dado à produção de soja nas últimas décadas tem tudo a ver com o aumento da demanda de carnes e outras proteínas animais, como resultado do cresciment­o da economia mundial que, paralelame­nte, promoveu o aumento da renda per capita e, como consequênc­ia, o aumento do consumo de proteína animal.

Se bem que o consumo per capita de carnes esteja estagnado em cerca de 100 kg/ pessoa/ano nos 40 países mais ricos do mundo (cerca de 1 bilhão de pessoas), valor este que extrapola as necessidad­es alimentare­s básicas dessa população, por outro lado, outro bilhão de humanos sofre desnutriçã­o porque seu consumo de carnes não alcança 10% desse montante, muito abaixo das necessidad­es básicas de proteína animal. Outros 5 bilhões de habitantes de países em desenvolvi­mento consome menos de 1/3 do consumo médio dos ricos, também insuficien­te para atender as necessidad­es de uma dieta saudável.

Embora a expectativ­a seja de que esse enorme contingent­e de cidadãos subaliment­ados aumente seu consumo de proteínas animais (carnes, ovos e produtos lácteos), dificilmen­te eles alcançarão o consumo médio dos ricos. Contudo, seu consumo certamente aumentará, gerando demanda adicional de milhões de toneladas de soja e sinalizand­o que o Brasil poderá continuar sentado em seu esplêndido berço de soja, sem temer a geração de super estoques, sem destinação.

O Brasil é um importante produtor e exportador de carnes, porque também é um importante produtor da matéria prima da qual as carnes são feitas: soja e milho, principalm­ente (2º e 3º produtor mundial). Em 2017, o País exportou US$ 18 bilhões em carnes, segundo produto mais valorizado na pauta das exportaçõe­s do agronegóci­o brasileiro, depois da soja.

Apesar das críticas - via de regra gratuitas - do desempenho do agronegóci­o brasileiro, o Brasil continuará protegendo seus recursos naturais para que não falte comida às gerações que nos sucederem, ao mesmo tempo que continuará crescendo como produtor de alimentos.

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