Folha de Londrina

Paraná cai uma posição em ranking de competitiv­idade

Segurança pública e desaquecim­ento econômico puxam recuo do Estado, que obtém ganhos em eficiência da máquina pública, solidez fiscal e educação no comparativ­o a outras unidades da federação

- Fábio Galiotto Reportagem Local

OParaná perdeu uma colocação e caiu para quarto no Ranking de Competitiv­idade dos Estados de 2018 feito pelo CLP (Centro de Liderança Pública), em parceria com a Tendências Consultori­a Integrada. Puxaram para baixo o desempenho comparativ­o os recuos em indicadore­s importante­s como segurança pública, capital humano, potencial de mercado e infraestru­tura. São Paulo lidera a lista, seguido por Santa Catarina e, agora, Distrito Federal.

O objetivo do levantamen­to é avaliar a atuação de líderes públicos no País e facilitar a tomada de decisões para investimen­tos do setor produtivo, de acordo com a necessidad­e de cada Estado. Foram analisados 68 indicadore­s, distribuíd­os em dez pilares temáticos considerad­os fundamenta­is para a promoção da competitiv­idade e melhoria da gestão pública, que são infraestru­tura, sustentabi­lidade social, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabi­lidade ambiental, potencial de mercado e inovação.

Em tempos de eleições, a gerente de mobilizaçã­o do CLP, Ana Marina da Castro, afirma que é possível aos bons gestores públicos determinar quais são os grandes gargalos para a população de determinad­a região e criar planos de ação que antevejam crises. “É importante retomar a importânci­a do poder da política, porque vemos boas práticas pelo País”, diz Castro, também uma das responsáve­is pela metodologi­a do ranking.

Ela cita dois exemplos. O Espírito Santo, que assim como o Rio é bastante dependente do setor petroquími­co, promoveu um forte corte de gastos e conseguiu sofrer menos do que o Estado vizinho com a drástica queda da cotação internacio­nal do petróleo nos últimos anos.

Outro modelo é o programa Pará Profission­al, que oferece ensino profission­alizante de forma totalmente integrada à demanda dos setores produtivos locais, aumenta a empregabil­idade entre os mais pobres e gera empregos diretos na área de formação, em contraste com a média do País. “Temos quase a metade das pessoas que fizeram ensino técnico no Brasil que não atuam na área em que estudaram, um desperdíci­o de dinheiro público por meio do Sistema S”, cita a gerente de mobilizaçã­o do CLP.

PESO

A segurança pública é um dos setores de maior peso dentro da pesquisa e teve uma queda significat­iva não apenas no Paraná, mas pelo País, nos últimos quatro anos, diz Castro. “Na média do Brasil, tivemos uma queda brutal nesse pilar. É preciso olhar caso a caso, mas uma possível explicação é que houve expansão do crime organizado pelo Brasil.”

Ela complement­a que esse não foi o único fator, já que é um tema que depende da gestão pública. No caso paranaense, cita o deficit carcerário como fator determinan­te. “São quase três vezes mais presos do que a capacidade, atrás apenas do Amazonas, que tem quase cinco”, cita Castro. Ainda, o Paraná se sai bem na atuação do Sistema de Justiça Criminal, com a quarta colocação. Mas, quando o assunto são mortes a se esclarecer, é apenas o 15º, além de 20º em segurança no trânsito e 21º em qualidade da informação sobre criminalid­ade.

Houve recuos também relacionad­os à crise econômica do País. Os pilares capital humano (de sétimo para oitavo) e potencial de mercado (de 18º para 19º) estão mais relacionad­os a questões macroeconô­micas, diz Castro. “São questões relacionad­as ao tamanho do PIB , à média de cresciment­o do PIB, mas também à pirâmide etária. E o Paraná é um Estado envelhecid­o e que sofreu com questões de perda de emprego”, completa.

Ela lembra que é preciso que, mesmo que a crise seja um fator externo, assim como a decisão de investimen­tos privados, é preciso atacar o problema com um plano de ação público. “É possível antecipar tendências e tomar medidas concretas.”

Por outro lado, o Paraná ganhou posições em educação, indicador em que passou da sexta para a quarta colocação, em eficiência da máquina pública, de sexto para segundo, e em solidez fiscal, com a subida de 12º para décimo. Mesmo assim, a pesquisado­ra lembra que é necessário se atentar para eventuais indicadore­s ruins.

No ensino, o Paraná está entre os piores na avaliação da educação. “Isso mostra que o Estado não faz uma avaliação contínua da qualidade do que oferece”, diz. “Mas teve um destaque positivo no Pisa e no Ideb, que são programas que também medem a qualidade do ensino. O problema é que o Paraná tem perdido frequência no ensino médio, o que significa uma inclusão menor”, explica.

Estado não faz uma avaliação contínua da qualidade do que oferece”

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