Paraná cai uma posição em ranking de competitividade
Segurança pública e desaquecimento econômico puxam recuo do Estado, que obtém ganhos em eficiência da máquina pública, solidez fiscal e educação no comparativo a outras unidades da federação
OParaná perdeu uma colocação e caiu para quarto no Ranking de Competitividade dos Estados de 2018 feito pelo CLP (Centro de Liderança Pública), em parceria com a Tendências Consultoria Integrada. Puxaram para baixo o desempenho comparativo os recuos em indicadores importantes como segurança pública, capital humano, potencial de mercado e infraestrutura. São Paulo lidera a lista, seguido por Santa Catarina e, agora, Distrito Federal.
O objetivo do levantamento é avaliar a atuação de líderes públicos no País e facilitar a tomada de decisões para investimentos do setor produtivo, de acordo com a necessidade de cada Estado. Foram analisados 68 indicadores, distribuídos em dez pilares temáticos considerados fundamentais para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública, que são infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabilidade ambiental, potencial de mercado e inovação.
Em tempos de eleições, a gerente de mobilização do CLP, Ana Marina da Castro, afirma que é possível aos bons gestores públicos determinar quais são os grandes gargalos para a população de determinada região e criar planos de ação que antevejam crises. “É importante retomar a importância do poder da política, porque vemos boas práticas pelo País”, diz Castro, também uma das responsáveis pela metodologia do ranking.
Ela cita dois exemplos. O Espírito Santo, que assim como o Rio é bastante dependente do setor petroquímico, promoveu um forte corte de gastos e conseguiu sofrer menos do que o Estado vizinho com a drástica queda da cotação internacional do petróleo nos últimos anos.
Outro modelo é o programa Pará Profissional, que oferece ensino profissionalizante de forma totalmente integrada à demanda dos setores produtivos locais, aumenta a empregabilidade entre os mais pobres e gera empregos diretos na área de formação, em contraste com a média do País. “Temos quase a metade das pessoas que fizeram ensino técnico no Brasil que não atuam na área em que estudaram, um desperdício de dinheiro público por meio do Sistema S”, cita a gerente de mobilização do CLP.
PESO
A segurança pública é um dos setores de maior peso dentro da pesquisa e teve uma queda significativa não apenas no Paraná, mas pelo País, nos últimos quatro anos, diz Castro. “Na média do Brasil, tivemos uma queda brutal nesse pilar. É preciso olhar caso a caso, mas uma possível explicação é que houve expansão do crime organizado pelo Brasil.”
Ela complementa que esse não foi o único fator, já que é um tema que depende da gestão pública. No caso paranaense, cita o deficit carcerário como fator determinante. “São quase três vezes mais presos do que a capacidade, atrás apenas do Amazonas, que tem quase cinco”, cita Castro. Ainda, o Paraná se sai bem na atuação do Sistema de Justiça Criminal, com a quarta colocação. Mas, quando o assunto são mortes a se esclarecer, é apenas o 15º, além de 20º em segurança no trânsito e 21º em qualidade da informação sobre criminalidade.
Houve recuos também relacionados à crise econômica do País. Os pilares capital humano (de sétimo para oitavo) e potencial de mercado (de 18º para 19º) estão mais relacionados a questões macroeconômicas, diz Castro. “São questões relacionadas ao tamanho do PIB , à média de crescimento do PIB, mas também à pirâmide etária. E o Paraná é um Estado envelhecido e que sofreu com questões de perda de emprego”, completa.
Ela lembra que é preciso que, mesmo que a crise seja um fator externo, assim como a decisão de investimentos privados, é preciso atacar o problema com um plano de ação público. “É possível antecipar tendências e tomar medidas concretas.”
Por outro lado, o Paraná ganhou posições em educação, indicador em que passou da sexta para a quarta colocação, em eficiência da máquina pública, de sexto para segundo, e em solidez fiscal, com a subida de 12º para décimo. Mesmo assim, a pesquisadora lembra que é necessário se atentar para eventuais indicadores ruins.
No ensino, o Paraná está entre os piores na avaliação da educação. “Isso mostra que o Estado não faz uma avaliação contínua da qualidade do que oferece”, diz. “Mas teve um destaque positivo no Pisa e no Ideb, que são programas que também medem a qualidade do ensino. O problema é que o Paraná tem perdido frequência no ensino médio, o que significa uma inclusão menor”, explica.
Estado não faz uma avaliação contínua da qualidade do que oferece”