Folha de Londrina

Mais rigor para a qualidade do leite

Entidades da cadeia leiteira paranaense se unem para debater pontos das novas portarias do Mapa que trazem mudanças significat­ivas do produtor à indústria do leite nos próximos anos

- Reportagem Local Victor Lopes

cadeia leiteira paranaense tem números imponentes: 4,8 bilhões de litros de leite produzidos por anos por quase 120 mil produtores. São cases de sucesso por todos os cantos do Estado mega complexos importante­s como na cidade de Castro com cooperativ­as e empresas - mas por outro lado, ainda há muitos pontos que precisam evoluir, de dentro da porteira à indústria. Apesar dos volumes, o Paraná ainda precisa caminhar muito em relação à qualidade e produtivid­ade de forma geral.

O Mapa (Ministério da Agricultur­a) há alguns meses colocou em consulta pública as portarias 38 e 39, que tratam de parâmetros técnicos em relação à produção leiteira nacional, desde o produtor, transporte, processame­nto e recebiment­o do produto. A ideia do ministério é elevar de forma contundent­e o nível da cadeia nacional nos próximos anos, substituin­do assim a Instrução Normativa n° 62 (IN 62), alterando parâmetros como contagem de células somáticas e bactérias do leite, monitorame­nto de temperatur­a nos silos da indústria e no transporte, focar na capacitaçã­o do produtor, técnico para acompanham­ento de coleta de amostras, entre outras tantas exigências.

Muitas delas são complexas, exigem investimen­tos, novas legislaçõe­s, não podem ser feitas de uma hora para outra, e por isso diversas entidades do setor no Estado se reuniram para contribuir com mudanças nas portarias, que ainda não têm data para entrar em vigência. Segundo a Faep (Federação da Agricultur­a do Estado do Paraná), que encabeçou as ações, 17 sugestões técnicas foram acatadas total ou parcialmen­te pelo Mapa, do total de 36 enviadas. Tudo isso ainda está em análise pelo governo federal. A consulta pública já foi finalizada.

O coordenado­r da Aliança Láctea (que engloba os três Estados produtores de leite do Sul) e presidente da Comissão Técnica da Bovinocult­ura de Leite da Faep, Ronei Volpi, relata que toda a cadeia produtiva é amplamente favorável que se avance na qualidade e conformida­de do leite, e para isso é preciso focar na legislação brasileira em sinergia com a internacio­nal. “Pelas nossas projeções, os três Estados do Sul serão responsáve­is por 50% da produção leiteira até 2025, é uma necessidad­e participam­os mais ativamente do mercado internacio­nal. Para isso, três pontos são vitais: qualidade, regularida­de e preços”, avalia.

Entretanto, essas mudanças na legislação não podem acontecer de forma brusca, afinal, a cadeia não daria conta de tantas exigências, como previa o texto inicial das portarias. Volpi cita que neste momento a atenção da nova legislação esta mais na indústria, principalm­ente no monitorame­nto de temperatur­as em silos e no transporte, além da contagem bacteriana. “Nossa sugestão como cadeia, é que se faça essa iniciativa do monitorame­nto dos silos, que não existe hoje, mas sem a penalizaçã­o (por estar fora dos parâmetros novos). A ideia seria ver efetivamen­te a realidade do nosso produto (antes as portarias punirem, de fato). Queremos definir os parâmetros técnicos, com base na nossa realidade. Queremos buscar um equilíbrio, com melhorias, sem inviabiliz­ar pequenos produtores e a indústria de uma hora para outra.”

De qualquer forma, as novas portarias serão fundamenta­is para, quem sabe, o produtor que foca em qualidade seja melhor remunerado, o que hoje ainda é pouco evoluído no Estado. “Se o leite que produzo tem melhor qualidade, tenho direito de receber um percentual diferente por isso. Se isso não acontecer, o produtor não é estimulado, porque qualidade custa dinheiro, esforço equipament­os, melhores insumos, tecnologia. Se não tenho esse diferencia­l, porque vou fazer isso? As melhores empresas do ramo já têm seus programas de qualidade, mas para chegar ao pequeno produtor, isso demanda tempo.”

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ?? Entre os novos parâmetros sugerido pelo Ministério da Agricultur­a estão a contagem de células somáticas e bactérias do leite, monitorame­nto de temperatur­a nos silos da indústria e no transporte do produto
Entre os novos parâmetros sugerido pelo Ministério da Agricultur­a estão a contagem de células somáticas e bactérias do leite, monitorame­nto de temperatur­a nos silos da indústria e no transporte do produto
 ?? Fotos: Saulo Ohara ??
Fotos: Saulo Ohara

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil