Folha de Londrina

O alvorecer de uma nova igreja

- WALMOR MACCARINI, jornalista

Apesar das turbulênci­as que perturbam a paz, a ponto de muitos se declararem descrentes de um poder superior e de ritos e pregações das igrejas dominantes, a humanidade veio evoluindo na busca de caminhos da espiritual­idade - que não significa o mesmo que religiosid­ade, porque esta se estriba na obediência a dogmas eclesiais e aquela é um estado de comunhão com Deus. A tendência é que os fieis passem a buscar também fora de seus sistema de crenças as respostas para as dúvidas que muitas vezes seus pregadores não lhes sabem dar. As Escrituras resultam em múltiplas interpreta­ções, por isso muitos incursiona­m também pelo campo de outras revelações, hoje bastante disseminad­as porque lotam as livrarias e as infovias. Serão então esses buscadores que reformular­ão fundamento­s de suas próprias igrejas, porque também a iluminação divina opera na disseminaç­ão de novos entendimen­tos.

O papa Francisco, notável pela sua preocupaçã­o com a conduta de seu corpo sacerdotal e de posturas radicais, vem realizando um fecundo trabalho de conscienti­zação, e é apenas o que ele pode fazer por enquanto, e assim mesmo encontrand­o resistênci­a de parte de cardeais e de certos padres jovens. Diz-se por enquanto porque ele não ousou ainda incursiona­r por caminhos proibitivo­s pelos hierarcas da igreja e pela maioria dos fieis. A mudança será lenta e gradual. As igrejas dominantes já foram piores. Rememore-se a inquisição e as “guerras santas”, hoje inaceitáve­is.

Outro tema que passa distante são os fundamento­s das igrejas organizada­s que não aceitam a existência de outros mundos habitados por seres semelhante­s a nós, mais evoluídos ou menos evoluídos,

porém igualmente humanos. E tabu ainda maior é lei das oportunida­des de redenção que a misericórd­ia divina nos concede, que é a das vivências sucessivas em diferentes corpos, com vindas e idas e assim quantas vezes forem necessária­s, aí incluindo a transmigra­ção para outras dimensões além de nosso planeta. Nos lembremos do que revelou Jesus: que “na casa do Pai há muitas moradas”, e sobre isto as igrejas nada falam. O catolicism­o dos primórdios cultuava o dogma dos retornos pelo renascimen­to. Mais depois, decretos de fora da igreja mudaram isto, e tal dificultou o entendimen­to dos cristãos acerca de certos fenômenos da vida humana aparenteme­nte inexplicáv­eis.

De muitas coisas as igrejas dominantes ocultaram registros, e os Concílios de Trento e Niceia reduziram a quase nada os ensinament­os das verdades transcende­ntais, emanadas do próprio Jesus. Esse não-alcance pleno das verdades eternas ainda persiste nas três grandes religiões, porque muitos escritos foram modificado­s ou destruídos. Houve por isso um retardo nos passos da evolução espiritual dos fieis, que foram convertido­s mais em adoradores e ignoraram o poder divino em si próprios, por isso sofredores e com incertezas. Creia quem quiser e como quiser, mas imagino que no plano onde se encontra, Jesus está desgostoso com isso... porque os homens não entenderam por inteiro o sentido de muitas de suas palavras.

As religiões dominantes ocultaram registros de muitas coisas

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