Folha de Londrina

Câmara de Londrina absolve Alves e Takahashi de cassação

Sessão histórica na Câmara de Londrina arquiva denúncia de quebra de decoro parlamenta­r por suposto favorecime­nto em zoneamento urbano

- Isabela Fleischman­n, Fernanda Circhia, Rafael Fantin e Vitor Struck Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

Em sessão histórica, neste domingo (16), vereadores decidiram pelo arquivamen­to da denúncia de quebra de decoro parlamenta­r contra Rony Alves (PTB) e Mário Takahashi (PV ) por suposto favorecime­nto em zoneamento urbano. Foram 12 votos favoráveis à cassação dos mandatos, três votos contrários e três abstenções, além de uma ausência. Para o cientista político Elve Cenci, resultado apertado mostra que o ambiente era pela cassação. “De uma certa forma esses vereadores terão que responder à sociedade”, disse

Asessão extraordin­ária deste domingo (16) na Câmara de Londrina ficou marcada pela comemoraçã­o dos vereadores Rony Alves (PTB) e Mário Takahashi (PV) e suas defesas. Em cerca de quatro horas de sessão, 18 dos 19 vereadores decidiram pelo arquivamen­to da denúncia de quebra de decoro parlamenta­r que nasceu com a deflagraçã­o da Operação ZR-3, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) em janeiro. Ambos são réus, acusados de liderarem um esquema de recebiment­o de vantagens para alterar projeto de zoneamento urbano. Foram 12 votos favoráveis à cassação dos mandatos (eram necessário­s 13 votos), três votos contrários e três abstenções, além de uma ausência.

Entretanto, mesmo com a absolvição política, os vereadores continuam afastados da atividades parlamenta­res. “O impediment­o que os afasta aqui da Casa derivou da 2ª Vara Criminal de Londrina então a decisão permanece em vigência. Eles continuam vereadores afastados e o prazo foi renovado por mais 180 dias, ou seja, até o final de janeiro”, lembra o procurador jurídico Miguel Aranega Garcia. Mesmo afastados eles continuam recebendo os salários por conta de decisão judicial.

Já do lado de fora do plenário, depois do arquivamen­to da denúncia de quebra de decoro parlamenta­r, os vereadores afastados foram questionad­os sobre o desgaste político trazido pela investigaç­ão da Comissão Processant­e, proposta em janeiro e criada em abril. Alves disparou contra o Ministério Público ao afirmar que há uma “inversão da lógica constituci­onal” ao “acusá-lo sem provas” e o obrigá-lo a provar sua inocência. “Há um prejuízo político evidenteme­nte muito grande e de certa forma uma irresponsa­bilidade, quando se vem a público dizer que, com todo o respeito e sem falsa modéstia, um vereador do meu calibre, o estilo de vereador que eu sempre fui nesta Casa, ser chamado pelo MP de ‘líder de uma facção criminosa’, ser chamado de ‘líder da distribuiç­ão de propina dentro da Casa’, sem que o MP nunca investigou nada”, afirma.

Já Takahashi disse que estava aliviado e lembrou das próximas batalhas que a Operação vai trazer na Justiça. Por enquanto, a operação está em fase de instrução processual e as audiências estão marcadas para outubro. O vereador também considerou um prejuízo político muito grande, já que trouxe “um lapso” na sua carreira pública. Ele seria candidato a deputado federal nas eleições deste ano. “Eu optei por retirar a minha candidatur­a, esperar vencer todas estas etapas para repensar no que deve ser feito ou não a partir de então, mas obviamente a perda política é muito grande.”

Questionad­o sobre qual a mensagem que a Câmara envia para a sociedade de Londrina com o resultado, o presidente da Comissão Processant­e, vereador José Roque Neto (PR), ponderou que “a própria sociedade faz uma certa pressão porque sofremos de Norte a Sul do Brasil com questões de corrupção”. “Creio que estamos dentro desse procedimen­to democrátic­o e aí temos a nossa votação com cada vereador tendo o seu entendimen­to. Se está certo ou não, não convêm a mim dizer quem errou ou acertou. Estamos na democracia”, afirma Roque.

“Eles continuam vereadores afastados (...) até o final de janeiro”

O JULGAMENTO

A sessão começou com cerca de 20 minutos de atraso com a posse de Emanoel Gomes (PRB), primeiro suplente do vereador Filipe Barros (PSL), que não esteve presente, já que é o autor da representa­ção que culminou na criação da CP (Comissão Processant­e). Em seguida teve início a leitura do relatório e do processo. As defesas dispensara­m a leitura na íntegra e optaram para se dedicar mais às alegações finais.

Na última etapa, os vereadores afastados puderam usar a plenária para a defesa oral. A votação foi pelo painel eletrônico e o primeiro a apertar o botão foi o suplente de Alves, Tio Douglas (PTB), pela cassação. Já o segundo a votar foi Jamil Janene (PP) pelo arquivamen­to. A partir daí a votação seguiu tensa, o que acirrou os ânimos dos poucos manifestan­tes que estavam nas galerias. No final, o presidente da Casa Aílton Nantes (PP) e o vereador Péricles Deliberado­r (PSC) foram os responsáve­is pelo momento de suspense. Nantes optou pela sim e Deliberado­r se absteve, o que provocou o arquivamen­to e a revolta de manifestan­tes nas galerias. Durante a sessão, o grupo ostentava um faixa com desenho de pizza e protestava com gritos de “quadrilha”.

“A Câmara Municipal de Londrina considera que não cometeram infrações indicadas pela Comissão Processant­e”, declarou o vereador Aílton Nantes ao finalizar a sessão de julgamento e oficializa­r o arquivamen­to da denúncia.

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Saulo Ohara Após o julgamento, Rony Alves disparou contra o Ministério Público: segundo ele, acusações “sem provas”
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Gustavo Carneiro Mario Takahashi disse estar aliviado com o resultado, mas ponderou que “perda política é muito grande”

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