Pela racionalização da campanha eleitoral
A campanha eleitoral ora em curso tem acirrado os ânimos dos eleitores e dos candidatos. Agressões físicas e virtuais tem se espalhado por todo o Brasil. Eleitores de lados diferentes se acusam e o clima tenciona-se cada vez mais. O que era pra ser uma festa democrática, com foco em propostas e debates racionais por parte dos postulantes tornou-se uma disputa emocional e odiosa contra os adversários. Embora haja serenidade por parte de alguns candidatos a presidente, a regra tem sido a desconstrução do outro em vez da defesa das ideias próprias.
A crise de representação política começou a emergir e ganhar as ruas a partir dos protestos do ano de 2013. O então descontentamento surgiu no bojo do afloramento da corrupção desnudada pela operação Lava Jato, entre outras. A piora dos serviços públicos aliada aos altos impostos completava então o descontentamento da classe média. Com a eleição apertada da presidente Dilma no ano de 2014 o quadro se complicou profundamente. A oposição política mesmo perdendo a eleição conseguiu protagonismo no Congresso e viabilizou a derrubada da presidente em dois anos. De lá pra cá as coisas só pioraram. O que alavancou um candidato que se apresenta como diferente de tudo que aí está (embora estando há trinta anos na política) e que promete resolver todos os problemas do país, principalmente a segurança pública.
O caldo desta eleição foi formado com protestos, pedidos de intervenção militar, candidatos impedidos, presos, corrupção, insegurança e até um presidente mais impopular da história, que parece ver de longe a disputa. De tudo isso, pouco se discute de fato de forma racional, A emoção tem sido a tônica, Os candidatos passam o maior tempo dando explicações de seus atos do que com propostas. Nas redes sociais as notícias falsas são comuns e não se pode crer em mais nada. O que importa é desacreditar o adversário, mesmo que para isso seja preciso contratar exércitos de “robôs”.
Diante de tal realidade precisamos pedir aos candidatos e depois aos eleitores e torcedores, que tenham mais respeito pelo País. Que haja mais respeito pelas pessoas que desejam escolher com as melhores informações possíveis. E que acima de tudo respeitem a democracia. Pois é a democracia que permite escolhas, mas a cidadania só pode ser exercida se for acompanhada de discussão séria e em cima de propostas concretas e os candidatos precisam ser o mais claro possível em suas pretensões. É claro que as informações negativas devem ser buscadas também sobre os candidatos, mas isso com pesquisas em veículos sérios e em documentos oficiais, a fim de evitar injustiças.
A continuar a irracionalidade em que estamos somos tentados a imaginar como o ganhador desta eleição governará. Com certeza os perdedores farão uma oposição raivosa, talvez até maior que a da última eleição, e assim como foi nefasto para o país o será ainda mais agora. Portanto a hora é de boas escolhas. A hora é de tentar eleger quem tenha capacidade de conciliar um futuro governo e conseguir dar estabilidade institucional e política e não quem possa causar mais danos à nossa frágil democracia.
Precisamos pedir aos candidatos e eleitores que tenham mais respeito pelo País