Alívio pode vir com o segundo turno
Sem referências mais claras, os preços dos ativos embutem mais risco. Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital, é mais otimista e avalia que os preços dos ativos podem começar a ter certo alívio quando o quadro para o segundo turno ficar mais claro e se souber a linha dos dois candidatos.
Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo de Freitas, o próximo presidente terá que se esforçar para mostrar, ainda neste ano, a que veio. Sobretudo se o ganhador tiver um viés de esquerda.
Em junho de 2002, o então candidato Lula publicou a “Carta ao Povo Brasileiro”, na tentativa de aliviar o estresse do mercado. Com o documento, o dólar chegou a ceder, indo dos R$ 2,8400 para R$ 2,7800, mas rapidamente recuperou o movimento de escalada.
A resistência do mercado naquela época foi evidenciada ainda em outro evento quando, em 22 de dezembro, já eleito, Lula anunciou Henrique Meirelles para o Banco Central. Apesar de começar a oscilar para baixo, o dólar só acelerou e consolidou a queda em abril do ano seguinte. Ainda assim, Freitas pondera que um movimento dos candidatos ou do próximo presidente tem, sim, potencial de acalmar o mercado e diminuir ao menos em parte a volatilidade.
Freitas deixa claro, no entanto, que ao contrário de 2002, a instabilidade cambial não representa uma crise propriamente no País e destaca que o BC tem meios adequados e suficientes para lidar com a volatilidade. Há 16 anos, a situação externa complicada do País, endividado em dólar e com baixo nível de reservas para conter o avanço da moeda americana, contribuiu para a disparada da divisa frente ao real.