Folha de Londrina

Cida veta Richa em coligação, mas tucano segue candidato

Imagens do ex-governador foram excluídas das mídias de campanha da candidata e demais aliados; tucano garante que candidatur­a é ‘irreversív­el’

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

A coligação “Paraná Decide” atendeu o pedido da atual governador­a Cida Borghetti (PP) e aprovou, por maioria, a exclusão do nome do candidato ao Senado pelo PSDB, Beto Richa. Cida diz que denúncias do Gaeco tornam a situação “insustentá­vel” e que não compactua com “nenhum ato de desvio de conduta”. Assessoria do tucano afirma que candidatur­a é “irreversív­el”. Na propaganda eleitoral, Richa considerou prisão “violência de viés político muito claro”

Acoligação “Paraná Decide”, encabeçada pela governador­a do Estado e postulante à reeleição, Cida Borghetti (PP), informou na noite dessa segunda-feira (17) que aprovou, por maioria, a retirada do nome do candidato ao Senado pelo PSDB, Beto Richa. Conforme a pepista, a determinaç­ão foi repassada ao departamen­to jurídico, para que formalize o pedido junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Além de PP e PSDB, fazem parte da aliança as siglas PTB, DEM, PMN, PMB, PSB e PROS. O prazo para mudança nas chapas, conforme a legislação, se encerrava justamente na segunda.

Procurada pela FOLHA, a assessoria de imprensa do tucano respondeu que não há amparo legal para o pedido e que a candidatur­a dele é “irreversív­el”. “Richa só pode ser afastado em caso de morte, desistênci­a voluntária ou indeferime­nto de candidatur­a. Nenhuma das hipóteses é real”, argumentou, em nota. O ex-governador participou normalment­e da propaganda eleitoral gratuita na segundafei­ra. “O que aconteceu comigo foi uma violência cujo viés político é muito claro, queriam destruir a minha candidatur­a. Fomos presos sem sermos ouvidos. Eu fui vítima do Estado policial que alguns querem implantar no País”, pronunciou o candidato. Mesmo isolado, também manteve agendado um encontro com prefeitos que o apoiam, marcado para a manhã desta terça-feira.

Na sexta-feira (14), ao deixar o Regimento de Polícia Montada, em Curitiba, onde ficou preso por três dias e meio, ele já havia assegurado que retomaria sua campanha. Suas imagens, contudo, foram excluídas das mídias de campanha da coligação.

De acordo com Cida, porém, as denúncias relativas à Operação Radiopatru­lha tornaram a situação “insustentá­vel”. “Não aceito, não admito, não compactuo com nenhum ato de desvio de conduta. Quando assumi o governo do Estado, um dos meus primeiros atos foi a criação da Divisão de Combate à Corrupção”, afirmou, em entrevista em Toledo, no Oeste do Estado. A candidata citou o fato de lideranças do PSDB, como o presidente da AL (Assembleia Legislativ­a), Ademar Traiano, que é vice-presidente estadual da legenda, e o exchefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, estarem apoiando abertament­e seu adversário Ratinho Jr. (PSD) na corrida ao Palácio Iguaçu.

A pepista mencionou, ainda, que o próprio Richa “já vinha realizando campanha solo” e que, agora, ele deveria se dedicar à sua defesa. “Não há portanto, razão para que a coligação continue a atender o PSDB, já que sua maioria não apoia Cida, a candidata da coligação”, completou. Logo depois, ela informou, em nota, que mandou demitir no dia 12 o contador do tucano, Dirceu Pupo Ferreira, do Conselho de Administra­ção da Elejor, companhia de energia com participaç­ão da Copel (Companhia Paranaense de Energia). Igualmente citado na Radiopatru­lha, Pupo foi destituído na assembleia da empresa, realizada na segunda-feira (17).

Antes de abrir a sessão plenária na Assembleia Legislativ­a, Ademar Traiano falou que preferia não comentar as declaraçõe­s de Cida. Segundo o tucano, a decisão de continuar ou não na coligação caberia ao próprio Beto Richa. “E essa decisão de apoiar o Ratinho não é de hoje, é de um ano e meio atrás. Não tem nada a ver com a campanha eleitoral”, argumentou. Questionad­o novamente pela reportagem sobre a posição do partido, respondeu: “não tem decisão nenhuma”.

A Radiopatru­lha foi desencadea­da pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MP (Ministério Público) Estadual, com o objetivo de apurar fraudes e pagamentos de propina a agentes políticos por intermédio do Programa Patrulha Rural, executado durante a primeira gestão de Beto Richa. Na última sexta (14), o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou soltar Richa e outros 13 investigad­os na Operação. O único que permanece detido é o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo, por ser réu também na Lava Jato.

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Saulo Ohara
 ?? Saulo Ohara/29-06-2018 ?? Cida Borgheti (PP) não quer mais a candidatur­a de Beto Richa (PSDB) em sua chapa na corrida eleitoral
Saulo Ohara/29-06-2018 Cida Borgheti (PP) não quer mais a candidatur­a de Beto Richa (PSDB) em sua chapa na corrida eleitoral

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