Cida veta Richa em coligação, mas tucano segue candidato
Imagens do ex-governador foram excluídas das mídias de campanha da candidata e demais aliados; tucano garante que candidatura é ‘irreversível’
A coligação “Paraná Decide” atendeu o pedido da atual governadora Cida Borghetti (PP) e aprovou, por maioria, a exclusão do nome do candidato ao Senado pelo PSDB, Beto Richa. Cida diz que denúncias do Gaeco tornam a situação “insustentável” e que não compactua com “nenhum ato de desvio de conduta”. Assessoria do tucano afirma que candidatura é “irreversível”. Na propaganda eleitoral, Richa considerou prisão “violência de viés político muito claro”
Acoligação “Paraná Decide”, encabeçada pela governadora do Estado e postulante à reeleição, Cida Borghetti (PP), informou na noite dessa segunda-feira (17) que aprovou, por maioria, a retirada do nome do candidato ao Senado pelo PSDB, Beto Richa. Conforme a pepista, a determinação foi repassada ao departamento jurídico, para que formalize o pedido junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Além de PP e PSDB, fazem parte da aliança as siglas PTB, DEM, PMN, PMB, PSB e PROS. O prazo para mudança nas chapas, conforme a legislação, se encerrava justamente na segunda.
Procurada pela FOLHA, a assessoria de imprensa do tucano respondeu que não há amparo legal para o pedido e que a candidatura dele é “irreversível”. “Richa só pode ser afastado em caso de morte, desistência voluntária ou indeferimento de candidatura. Nenhuma das hipóteses é real”, argumentou, em nota. O ex-governador participou normalmente da propaganda eleitoral gratuita na segundafeira. “O que aconteceu comigo foi uma violência cujo viés político é muito claro, queriam destruir a minha candidatura. Fomos presos sem sermos ouvidos. Eu fui vítima do Estado policial que alguns querem implantar no País”, pronunciou o candidato. Mesmo isolado, também manteve agendado um encontro com prefeitos que o apoiam, marcado para a manhã desta terça-feira.
Na sexta-feira (14), ao deixar o Regimento de Polícia Montada, em Curitiba, onde ficou preso por três dias e meio, ele já havia assegurado que retomaria sua campanha. Suas imagens, contudo, foram excluídas das mídias de campanha da coligação.
De acordo com Cida, porém, as denúncias relativas à Operação Radiopatrulha tornaram a situação “insustentável”. “Não aceito, não admito, não compactuo com nenhum ato de desvio de conduta. Quando assumi o governo do Estado, um dos meus primeiros atos foi a criação da Divisão de Combate à Corrupção”, afirmou, em entrevista em Toledo, no Oeste do Estado. A candidata citou o fato de lideranças do PSDB, como o presidente da AL (Assembleia Legislativa), Ademar Traiano, que é vice-presidente estadual da legenda, e o exchefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, estarem apoiando abertamente seu adversário Ratinho Jr. (PSD) na corrida ao Palácio Iguaçu.
A pepista mencionou, ainda, que o próprio Richa “já vinha realizando campanha solo” e que, agora, ele deveria se dedicar à sua defesa. “Não há portanto, razão para que a coligação continue a atender o PSDB, já que sua maioria não apoia Cida, a candidata da coligação”, completou. Logo depois, ela informou, em nota, que mandou demitir no dia 12 o contador do tucano, Dirceu Pupo Ferreira, do Conselho de Administração da Elejor, companhia de energia com participação da Copel (Companhia Paranaense de Energia). Igualmente citado na Radiopatrulha, Pupo foi destituído na assembleia da empresa, realizada na segunda-feira (17).
Antes de abrir a sessão plenária na Assembleia Legislativa, Ademar Traiano falou que preferia não comentar as declarações de Cida. Segundo o tucano, a decisão de continuar ou não na coligação caberia ao próprio Beto Richa. “E essa decisão de apoiar o Ratinho não é de hoje, é de um ano e meio atrás. Não tem nada a ver com a campanha eleitoral”, argumentou. Questionado novamente pela reportagem sobre a posição do partido, respondeu: “não tem decisão nenhuma”.
A Radiopatrulha foi desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MP (Ministério Público) Estadual, com o objetivo de apurar fraudes e pagamentos de propina a agentes políticos por intermédio do Programa Patrulha Rural, executado durante a primeira gestão de Beto Richa. Na última sexta (14), o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou soltar Richa e outros 13 investigados na Operação. O único que permanece detido é o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo, por ser réu também na Lava Jato.