Folha de Londrina

Golpe contra empresa da família tirou Prochet de julgamento

Com três abstenções e três votos pelo arquivamen­to da denúncia contra Rony Alves e Mário Takahashi, voto de Prochet “fez falta” aos que defenderam a cassação dos mandatos

- Vitor Struck Reportagem Local

No julgamento da denúncia de quebra de decoro parlamenta­r contra os vereadores Rony Alves (PTB) e Mário Takahashi (PV), que deliberou pelo arquivamen­to da denúncia neste domingo (16), chamou a atenção a ausência do vereador Felipe Prochet (PSD). A reportagem da FOLHA entrou em contato com o parlamenta­r ainda na tarde deste domingo. Prochet afirmou que estava “ciente do risco”, mas optou por ficar ao lado de sua família por conta de um problema particular.

Entretanto o motivo veio à tona em uma reportagem publicada na sexta-feira (14) pela ESPN Brasil. Segundo a reportagem um golpe foi aplicado contra atletas, dirigentes, patrocinad­ores e outros profission­ais ligados ao futebol e que algumas pessoas chegaram a ser lesadas em até R$50 mil em pacotes para destinos luxuosos, como Dubai, Europa e Estados Unidos que nunca foram concretiza­dos. Ao todo são cerca de 100 pessoas que relatam terem sido vítimas de uma mulher chamada Luciana Dias dos Santos Monteiro. Até uma página no Facebook foi criada para relatar o golpe.

“Representa­ndo uma empresa de Turismo, ela montou um esquema pirâmide em que as pessoas depositava­m para ela valores altos, de R$ 18 mil, R$ 20 mil e ela prometia determinad­os números de viagem, à vonta- de, sempre em condições boas, que valia a pena. Algumas pessoas viajavam, ganhavam confiança e ela ia usando o dinheiro que recebia para pagar para outros. Em determinad­o momento isso ruiu”, explicou o advogado Rafael Aché à reportagem da ESPN. Além disso a reportagem da ESPN traz relatos de depósito realizados diretament­e na agência de turismo que pertence a família de Prochet, a G6 Turismo.

A reportagem da FOLHA conseguiu o contato com o vereador. Ele explicou que, até agora, foram identifica­das fraudes contra quatro agências de viagens, sendo três do Rio de Janeiro. Além disso que a ligação entre a principal acusada, Luciana Dias dos Santos Monteiro, e a G6 Turismo, se estendeu por cerca de seis meses. Segundo o vereador, Monteiro era um contato comercial em São Paulo, mas nunca foi contratada pela empresa. Prochet também afirma que não tem nenhum controle sobre a administra­ção da G6 Turismo e que ficou sabendo que precisaria se ausentar na última quartafeir­a (12), quando o julgamento na Câmara ainda não estava marcado para este domingo, e uma possível data seria a manhã desta segunda-feira (17).

Em nota o vereador e as defesas afirmam que algumas informaçõe­s trazidas pela reportagem da ESPN são inverídica­s e que buscarão na Justiça o direito de retratação. Prochet não revelou os valores do golpe. Questionad­o qual seria seu voto na sessão de cassação, ele preferiu não comentar.

“Na qualidade de advogados da empresa G6 Turismo, vimos por desta informar que a empresa G6 é vítima de crimes cometidos pela ex colaborado­ra/freelancer, Sra Luciana Dias dos Santos Monteiro, e estamos tomando todas as medidas cabíveis nas esferas cíveis e criminal. Informamos que o vereador citado não tem nenhuma relação com a G6 Turismo”, diz nota enviada pelo departamen­to jurídico da agência à reportagem.

PLACAR

Ao todo foram 12 votos a favor da cassação dos mandatos sendo que eram necessário­s no mínimo 13. Como Prochet votou pela abertura da Comissão Processant­e em abril, a expectativ­a de muitos eleitores era de que o voto dele teria sido o 13º. Até o fechamento desta edição mais de 35 pessoas o haviam criticado duramente por meio de comentário­s em uma postagem em sua rede social, alguns rebatidos por apoiadores. Foram contrários à cassação os vereadores Guilherme Belinati (PP), Jamil Janene (PP) e Gerson Araújo (PSDB), já os vereadores Jairo Tamura (PR), Péricles Deliberado­r (PSC) e o suplente do vereador autor da representa­ção, Emanoel Gomes (PRB), se abstiveram de votar.

Prochet afirmou que estava “ciente do risco”, mas optou por ficar ao lado de sua família

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Devanir Parra/CML Felipe Prochet afirmou que quando soube da necessidad­e de se ausentar de Londrina, a sessão de cassação ainda não estava marcada
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