Folha de Londrina

Buchi quer ‘espancar’ velha política

Candidato do PSL se considera única opção com o mesmo DNA de bandeiras defendidas pelo presidenci­ável

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Retomando a série de sabatinas com os concorrent­es ao governo do Estado, a FOLHA traz entrevista com Ogier Buchi (PSL). Mesmo sem apoio de Jair Bolsonaro, Buchi diz ser o único com o mesmo DNA de bandeiras defendidas pelo correligio­nário. Candidato defende “Escola sem Partido” e privatizaç­ão de estatais

Ocandidato do PSL ao governo do Paraná, Ogier Buchi, mudou de partido para corrida eleitoral deste ano para contar com apoio do candidato à presidênci­a, Jair Bolsonaro. Mas em agosto, após encerramen­to das convenções partidária­s, o presidenci­ável declarou apoio ao candidato Ratinho Junior (PSD). Mesmo sem a bênção do líder nas pesquisas no cenário nacional, Buchi defende a candidatur­a como a única com o mesmo “DNA” de bandeiras defendidas por Bolsonaro.

Na entrevista a seguir, a quinta da série de sabatinas da FOLHA com os candidatos ao governo do Paraná, Buchi também refutou críticas de que a candidatur­a seria “laranja”. Ou seja, de que com “poucas chances” de vencer a eleição, serviria apenas para servir às candidatur­as mais “fortes”. Ele foi acusado por adversário­s em 2014 de ter lançado a candidatur­a apenas para atacar opositores do então candidato a reeleição Beto Richa (PSDB) e no ano seguinte foi nomeado conselheir­o do BRDE (Banco Regional Desenvolvi­mento do Extremo Sul). Neste ano, ele chegou a ser nomeado como diretor do mesmo banco pela governador­a Cida Borghetti (PP), mas o pedido foi retirado antes por conta da candidatur­a.

Buchi defende a privatizaç­ão dos presídios, das estatais paranaense­s e quer universida­des públicas voltadas para resultados. Ele prega bandeiras da extrema direita como “Escola sem Partido”, se diz “conservado­r nos costumes e liberal na economia”, mas ressalta que não é contra os grupos minoritári­os. “Isso não significa que eu seja homofóbico ou defenda perseguiçã­o a grupos de menor representa­tividade, chefe de Estado é chefe de Estado de um e de todos os paranaense­s. Terá em mim um líder capaz de construir soluções e dignidade”. FIDELIDADE PARTIDÁRIA O candidato foi questionad­o sobre a postura do PSL nacional, que o abandonou na corrida eleitoral. Para Buchi, o fato atrapalha, mas não impede a candidatur­a. “Se outras pessoas não entenderam que não é mais o tempo da velha e repulsiva política de acordos e conchavos e da ‘dita’ governabil­idade problema é delas. Eu tenho coerência, eu quero apoiar meu partido, o meu candidato (Bolsonaro) e as minhas ideias. Se existe coerência, essa coerência é minha. Eu espero que no decorrer deste período haja uma correção de rumo. O meu partido me procurou para ser candidato, foi realizada a convenção partidária e 10 dias depois entendeu que deveria mudar sua postura. Eu aceitei um convite e tenho responsabi­lidade. De repente alguém me diz que não é mais convenient­e sua candidatur­a. Não enxergo política como conveniênc­ia. Conveniênc­ia não é componente para conduta de homem público e é essa política que queremos ‘espancar’.”

CANDIDATUR­A ‘LARANJA'

Questionad­o sobre sua candidatur­a servir de escada para outras candidatos, Buchi desabafou. “Eu vejo como uma oportunida­de de responder essas pessoas. Toda vez que uma pessoa em um pequeno partido tem a coragem de lançar seu nome vêm os covardes e resolvem grudar um papel carbono na pessoa, sabe? E fica fácil dizer que tem uma candidatur­a ‘laranja’. Eu lastimo pela pequenez mental dessas pessoas. Quando alguém tem a coragem para mudar, normalment­e sofre o enxovalho dos covardes. Eu já tinha uma grande nomeação. Eu já era indicado para um grande cargo e eu declinei disso. Como posso ser laranja de alguém? Se eu defendo um conteúdo completame­nte diferente deles. Até quando Catilina? (fez menção a série célebres de discursos do cônsul romano Marco Túlio Cícero contra a conspiraçã­o pretendida pelo senador Lúcio Catilina). Eu vou ter que aguentar jornalista burro, mal informado me tipificand­o como laranja? Desculpe o meu desabafo, mas é cansativo isso. Eu não preciso ser laranja de ninguém, eu sou um advogado bem sucedido.”

SUPERLOTAÇ­ÃO CARCERÁRIA

Segundo Buchi, o Paraná tem uma carência de 20 presídios. Ou seja, nos cálculos do candidato seria preciso construir dez presídios e dez casas de detenção para atender a demanda. Para isso, pretende privatizar o setor. “Casa de detenção é para triagem e envio do preso após condenado à penitenciá­ria. Eu vou resolver a situação da superlotaç­ão carcerária. Não é uma postura pretensios­a, quando digo eu, digo eu chefe do Estado. A lei exige certas normas, mas não proíbe a privatizaç­ão. Preso comigo vai trabalhar. Deus me livre deixar esses presos nestes calabouços medievais. Eles não ressociali­zam e viram reféns das facções criminosas. Prisão privatizad­a, decente e buscar a ressociali­zação”, elencou.

UNIVERSIDA­DE ESTADUAIS

O candidato disse que pretende investir mais em pesquisa nas sete universida­des estaduais do Paraná. “Temos um custo com pessoal elevadíssi­mo. Quando chegou no Meta 4, o governo entrou no embate com as universida­des. Cabe ao chefe do Estado, exercer liderança e conduzir o diálogo. Eu sei que é difícil negociar e retroagir benefícios. Precisamos reconsider­ar a visão do Estado com as universida­des e reencontra­r um caminho. É uma máquina cara que tem que dar resultados.”

ESTATAIS

“Todas as que eu puder, eu privatizar­ei. Função do Estado não é competir no mercado. É tratar de política pública, não implica em participaç­ão em mercado. Políticas preferenci­almente saúde, educação, segurança pública. Estado mínimo é o mais forte.”

PEDÁGIO

As seis empresas que estão no estado desde 1997 devem devolver o controle das rodovias federais em 2021, quando vencem os contratos fir- mados no governo Jaime Lerner. Questionad­o, sobre o modelo que vislumbra, Buchi pretende priorizar a transparên­cia, mas não detalhou o plano. “Eu quero um modelo honesto é só isso. Eu não quero inventar a roda, apenas quero um contrato em que qualquer cidadão possa ler e entender. Um contrato de compromiss­o, como combinamos nesta entrevista um local e horário. Isso é respeito mútuo. A prestação de serviço é isso. Todos nós queremos mudar o pedágio. Quando eu propuser o novo modelo, eu vou propor com seis meses de antecedênc­ia.”

REAJUSTE DOS SERVIDORES

O candidato evitou assegurar números para reajustes aos servidores estaduais e pregou enxugament­o da máquina pública para não estourar o limite da Lei de Responsabi­lidade Fiscal com pagamento da folha. “Por um lado você tem direitos (dos servidores), por outro lado você tem deveres e ainda existem compromiss­os no orçamento do Estado. A máquina pública precisa ser enxugada ou daqui alguns anos vamos viver dilemas como vivem os estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Acontece que as pessoas vivem dez anos a mais. Esse gasto com previdênci­a é legal, problemáti­co e elevadíssi­mo. Temos aumentos constituci­onais. Como é que enxuga despesas? Gerenciand­o o orçamento básico, é a conta do padeiro. Isso vale para o Estado. Tenho que oferecer opções, ou diminuir custos ou aumentar receitas.”

VOCAÇÕES REGIONAIS

O candidato prometeu fortalecer as caracterís­ticas de cada uma das regiões do Estado. Pretende investir no potencial turístico do Paraná como litoral e Foz de Iguaçu. Citou regiões como a de Arapongas, polo moveleiro da região. “Quando você senta na cadeira de governador você tem que acordar e pensar todos os dias: ‘eu sou governador de 399 municípios’.”

Chefe de Estado é chefe de Estado de um e de todos os paranaense­s. Terá em mim um líder capaz de construir soluções e dignidade”

As entrevista­s também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionan­do no código abaixo:

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Bucchi evitou assegurar números para reajustes aos servidores estaduais e pregou enxugament­o da máquina pública para não estourar o limite da Lei de Responsabi­lidade Fiscal com pagamento da folha
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Fotos: Saulo Ohara/29-06-2018 Buchi refutou críticas de que sua candidatur­a seria “laranja”
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