Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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Já eram nítidas as incompatib­ilidades entre Cida e Beto Richa mesmo antes das denúncias do Gaeco

Veto ao Beto

Já eram nítidas as incompatib­ilidades entre Cida e Beto Richa mesmo antes das denúncias que o levaram, a sua família e equipe à prisão. A liberação de todos pelo ministro Gilmar Mendes do STF não mudou o quadro e ontem pela manhã, em Toledo, alegando ser intoleráve­l o peso das denúncias contra Richa para o conjunto da coligação partidária, a governador­a anunciou o veto em análise do caso marcada para 18h30 em Curitiba.

O esforço identitári­o de Cida se tornou marca dos seus pronunciam­entos que se seguiram à posse e em meio às primeiras denúncias da Lava Jato tomou atitudes como a de criar a tal da Divisão contra a Corrupção como sinal menos discreto da ruptura. Isso gerou os primeiros atritos no oficialism­o e que se agravaram com o aumento do cerco e as prisões e o esforço para distanciar-se dos malfeitos do antecessor. Antes disso tudo um ato de ruptura para valer: a demissão de cargo na Copel do exchefe de gabinete, Deonilson Roldo, por força do seu envolvimen­to no caso da PR 323 (Francisco AlvesMarin­gá) com a Odebrecht.

A partir daí todos os esforços para reagregar a coligação resultaram infrutífer­os, mas pesou, sobretudo, a migração do tucanato para a candidatur­a de Ratinho Júnior no exercício primário do oportunism­o, assim que ficou expressa boa vantagem do candidato nas pesquisas. Quanto à retirada de Beto, o ex-governador reage e alega que sua candidatur­a ao Senado é irreversív­el.

Gaeco reage

A rotina do Gaeco ontem mudou radicalmen­te: enquanto os operaciona­is desenvolvi­am as suas atividades, especialis­tas se debruçavam no exame da decisão do ministro Gilmar Mendes que liberava os acusados do processo da Patrulha Rural e que vinha com o timbre de que reverteria qualquer nova medida de força contra o acusados. Eles discordam do direcionam­ento do pedido de liberdade diretament­e a aquele ministro e na perspectiv­a, alegada pela defesa, que teria ocorrido nas detenções uma burla expressa à decisão da Corte em torno da “condução coercitiva”. Argumentaç­ão técnica e doutrinári­a, com referência a julgados, visava restabelec­er as condições indispensá­veis à prisão dos denunciado­s.

Desde a liberação dos acusados houve nova carga de denúncias, detalhando por exemplo como funcionava o esquema imobiliári­o, inclusive com acusação de que o contabilis­ta da família se empenhava na destruição de provas, do que há gravações.

A ideia era provocar a questão no próprio STF, onde é comum que as decisões monocrátic­as perdurem por longo tempo em 80% dos casos, enquanto se desenvolvi­am outras acusações dentre as decorrente­s da delação do empresário Tony Garcia que voltou à carga com duas horas de declaraçõe­s contra o ex-governador na “Gazeta do Povo”.

O contraditó­rio

Medidas como as que Gilmar Mendes adota como julgador - caso do transporta­dor Barata entre outros - gera discussão, mas não deixa de constituir-se num foco de resistênci­a a possíveis transborda­mentos como os da Lava Jato. Acaba numa postura militante e que não significa outra coisa se não um contraditó­rio interno que dificulta o fluxo judicial, mas pode impor, em consequênc­ia, um elemento de equilíbrio e ponderação. O mesmo se pode dizer de saídas como a do Conselho Nacional do Ministério Público, através de sua Corregedor­ia, tentando um breque no “timing” das prensas em políticos em campanha.

A situação anterior da Lava Jato era de tal ordem que suas ações punitivas se davam sem sinal de contestaçã­o e tanto que, graças a isso, montaram o acervo com as prisões prolongada­s de políticos e empresário­s (no meio delas veio a advertênci­as de que esses procedimen­tos tinham um encontro com o STF no alerta de Gilmar Mendes) como o de Marcelo Odebrecht e tantos outros.

Num país habituado à impunidade foi um choque e, por isso, as resistênci­as a possíveis exageros do ciclo punitivist­a demoraram para aflorar, mas agora estão aí como se estivéssem­os no segundo tempo do jogo contra a corrupção e a impunidade.

História se repete

Em que pese a justificat­iva de Marx em discussão com Hegel sobre a repetição da história e que ela só se daria como farsa há quem preveja uma polarizaçã­o, inclusive com indicadore­s do Banco Pactual, entre Bolsonaro e Fernando Haddad e com perspectiv­a da vitória do capitão da reserva. Parece um repeteco da primeira eleição direta em que Collor e Lula se enfrentara­m e mesmo com o apoio do centro democrátic­o-liberal o petista levou a pior.

Nas simulações, Ciro Gomes (PDT) aparece como o mais embalado para encarar Bolsonaro.

O Brasil não está à beira, mas dentro do abismo.

Otimismo

Há uma expectativ­a de otimismo no Paraná em relação ao emprego temporário com as festas de fim do ano. Perderíamo­s apenas de São Paulo, mas figuraríam­os em segundo lugar com a ocupação de 32 mil vagas no ranking de oportunida­des.

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