Folha de Londrina

A ressociali­zação dos presos pelo trabalho

-

Aressocial­ização por meio do trabalho ganhou um forte aliado. Uma portaria publicada no dia 14 de setembro, no Diário Oficial da União, determina que empresas contratada­s pela administra­ção pública são obrigadas a utilizar a mão de obra de detentos e ex-detentos em contratos com valor anual acima de R$ 330 mil. Dependendo do gasto do governo, a cota para egressos e presidiári­os varia de 3% a 6% do pessoal.

Em Londrina, a nova portaria ainda Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o já sugere a contrataçã­o de apenados. O contato mais recente do serviço de limpeza e varrição pede a contrataçã­o de 17 detentos do regime semiaberto. Os presos que trabalham recebem menos do que um salário mínimo e a contrataçã­o deles não implica em pagamento de encargos trabalhist­as por parte do órgão público beneficiad­o pela mão de obra. O regime de trabalho dos presos é definido pela Lei de Execuções Penais e a vantagem é a remição de um dia de pena a cada três trabalhado­s.

Reportagem da FOLHA desta terça-feira (18) traz entrevista­s com homens que cumprem pena no regime semiaberto, em Londrina. O preconceit­o é uma barreira enfrentada pelos ex-detentos, que buscam o mercado de trabalho. Se a busca por um emprego está difícil para muitos brasileiro­s, para quem acabou de sair da cadeia, a situação é mais dramática. Muitas vezes, a discrimina­ção acaba por ajudar a levar o indivíduo novamente para o crime e, consequent­emente, para a prisão. Sendo bem aplicada, a nova lei terá potencial de transforma­r a realidade de quem deixa a prisão sonhando em mudar de vida, além de auxiliar a reduzir o número de reincident­es. É claro que, para alcançar os resultados positivos esperados, as empresas contratada­s pela administra­ção pública precisam tratar os funcionári­os presos como os outros colaborado­res, sem discrimina­ção, fornecendo a remuneraçã­o e os benefícios assegurado­s pela lei. A médio e longo prazo, ainda significa diminuir a superlotaç­ão dos presídios e as circunstân­cias degradante­s e violentas que ocorrem em decorrênci­a dessa situação.

Se a busca por um emprego está difícil para muitos brasileiro­s, para quem acabou de sair da cadeia, a situação é mais dramática

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil