Folha de Londrina

Outra nuvem paira sobre o egronegoci­o

Uso de inteligênc­ia artificial e monitorame­nto em tempo real permitem que produtores e agroindúst­rias antevejam problemas e ganhem até 25% em rentabilid­ade

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Omonitoram­ento em tempo real de um aviário, de uma plantação ou do maquinário na agroindúst­ria já é realidade no Paraná, com potencial para elevar em 25% a rentabilid­ade e favorecer o trabalho cada vez mais profission­al do produtor rural. Plataforma­s baseadas no processame­nto contínuo de informação, como Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), Inteligênc­ia Artificial e Machine Learning (ou aprendizad­o da máquina, em tradução livre) permitem diagnostic­ar problemas antes que ocorram, reduzir desperdíci­os e gerar maior bem-estar animal e ambiental, entre outros benefícios.

Dos exemplos apresentad­os no SAP Forum Brasil 2018, na capital paulista, nos dias 11 e 12 deste mês, destacam-se a Gestão Avícola, da curitibana SPRO IT Solutions, e a migração para a nuvem pública de todo o ambiente SAP da gaúcha Yara Fertilizan­tes, pela multinacio­nal brasileira TIVIT. O caso paranaense talvez seja o mais palpável, mas ambos mostram como o uso de informaçõe­s pode levar a uma nova revolução no campo.

A SPRO levou ao evento uma solução que envolve um sensor à bateria, um sistema de conexão em rede on-line e o uso de nuvens para processame­nto de dados. O presidente da empresa, Almir Meinerz, afirma que a empresa desenvolve­u no último ano um projeto piloto, em um aviário em uma cidade ainda mantida em segredo, no Oeste do Paraná. Vários sensores permitiram fazer o monitorame­nto de uma série de variáveis que hoje são feitas apenas visualment­e pelo criador. “Esses sensores monitoram a umidade, a temperatur­a, a luminosida­de, a temperatur­a da cama e da água, além do fluxo de água, gás carbônico e amônia. Também tem balanças que captam o peso do frango, outra balança com células de carga acoplados no silo, onde fica a ração”, diz.

Qualquer ocorrência fora do ideal gera uma notificaçã­o, que é enviada ao produtor e à integrador­a em tempo real, ou, mais importante ainda, com antecedênc­ia, para que uma perda de produtivid­ade possa ser evitada. Todo esse processo gera um aprendizad­o de melhores e piores práticas, que ao longo do tempo permitem que o próprio sistema em nuvem oriente as ações em campo. “Em janeiro deste ano tivemos altas temperatur­as na região Oeste e o normal é se ligar o nebulizado­r para refrescar o ambiente durante o dia, o que umedece a cama do frango. À noite, o frango deita e o calor do peito aquece a cama, gera gás carbônico e pode levar à mortalidad­e”, cita Meinerz.

Com o monitorame­nto, foi possível analisar gráficos e informaçõe­s as quais o granjeiro não teria acesso de outra maneira, para mudar o manejo. O uso de Inteligênc­ia Artificial permitiu assim que eventuais variações prejudicia­is aos animais fossem identifica­das com antecedênc­ia, o que reduz o risco. “Focamos na sustentabi­lidade, no bemestar animal, e não olhamos somente para a melhora da produtivid­ade, da rentabilid­ade”, diz o presidente da SPRO.

Outro exemplo é o aqueciment­o de pintainhos. Quando chegam à granja, costumam ser aquecidos por campânulas a gás, insumo que é cada vez mais caro. Porém, a alta temperatur­a aliada aos dejetos dos animais gera gás carbônico e o comum é usar exaustores para tirar o ar quente, o que leva ao “retrabalho” de voltar a aquecer os animais. “Implementa­mos uma forma de monitorar o gás carbônico e, à medida que chega em um ponto mediano, ligo outro tipo de exaustor, nas laterais, que faz a retirada leve, sem a saída de todo o ar.”

TUDO NA NUVEM

No caso da Yara Fertilizan­tes, a TIVIT reuniu todo o sistema de várias empresas compradas nos últimos anos, que estavam em data centers diferentes, na nuvem pública. “Foi um ano de preparação, mas a virada toda de infraestru­tura foi feita em 90 dias”, conta o diretor chefe de tecnologia e diretor de serviços em nuvem da TIVIT, Armando Lima Amaral.

Assim como na granja, a maior facilidade é a agilidade e o ganho de informaçõe­s para orientar a tomada de decisões. Do desligamen­to de máquinas em horários em que a demanda é menor, o que é definido pelo cruzamento de informaçõe­s, até o menor uso de insumos e a reorganiza­ção logística, a Yara reduziu os custos em 25%. “Eles estudam o que se tem de tecnologia e tem mais coisas para para expandir”, diz Amaral.

Para o futuro, ele cita a possibilid­ade de redesenho das empresas e da atuação dos produtores no campo. “O agronegóci­o tem uma série de possibilid­ades e tecnologia­s, como sensores no campo para monitorar a plantação, saber como está a evolução das plantas, se precisa de mais fertilizan­tes, de tratar determinad­a praga, irrigar mais ou menos, como está a variação climática”, exemplific­a. “Essas informaçõe­s vão para a nuvem, são processada­s para gerar informaçõe­s de negócios e, no fim do dia, geram produtivid­ade maior, diminuem o custo de manutenção e definem planos logísticos”, explica o chefe de tecnologia daTIVIT.

Focamos na sustentabi­lidade, no bem-estar animal, e não olhamos somente para a melhora da produtivid­ade”

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