LEITURINHA Tempestades e acolhimentos

Uma hora ou outra sempre acontece.

Uma birra aqui, um faniquito ali, uma teimosia acolá.

Um siricutico na segunda, uma irritação no domingo, um fricote na quinta, um ataque de raiva no sábado.

Todo filhote, uma hora ou outra, entra na insondável atmosfera do planeta Chilique. Um planeta que os adultos fingem nunca terem colocado os pés, nem mesmo na infância.

Em “O Pintinho Ruivo de Raiva”, o escritor paranaense Anderson Novello narra a história do filhote Alonso, um pintinho que frequentemente visitava o planeta Chilique. Um planeta que ficava próximo da estrela Siricutico e ao lado do cometa Faniquito.

Lançado pela editora Palavras Arteiras com ilustrações de Bruna Assis Brasil, a obra infantil revela que birras, teimosias e ataques de raiva fazem parte da infância.

Ataques que possuem sentido, mesmo que completamente invisíveis e aparentemente inexplicáveis. Ataques que, com os anos, deixam de serem grandes chiliques para se converterem em calorosas lembranças bem humoradas.

“O Pintinho Ruivo de Raiva” traz a carta escrita pela Galinha Ruiva ao filho Alonso. O filho que, ao deixar de ser um pintinho e se tornar frango, saiu de casa para morar em outro galinheiro.

Para escrever a carta, mamãe galinha abre o álbum de fotos da infância do filho quando pintinho. Ao olhar as imagens, recorda de cada etapa do filho quando filhote. E revela que cada birra, cada acesso de raiva, cada chilique, cada faniquito, integra características pessoais de cada um. De cada filhote. De cada pessoa.

A obra de Anderson Novello apresenta as lembranças afetivas de uma mãe perante a independência de um filho. Um pintinho que cresceu e deixa o galinheiro materno. Aos seus olhos de mãe, o planeta Chilique da infância se apresenta como uma breve tempestade entre um colhimento e outro acolhimento e outro e outro. prédio histórico do Cadeião