Folha de Londrina

SEM RESPOSTAS

- Jamil Chade

Entidades de direitos humanos criticam impunidade no caso Marielle, assassinad­a há mais de seis meses

Genebra, Suíça - Entidades de direitos humanos discursara­m nesta terça-feira (18) no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) denunciand­o o Brasil por conta das intervençã­o federal no Rio de Janeiro e pela incapacida­de de dar uma resposta diante dos mais de seis meses do assassinat­o da vereadora Marielle Franco.

Observatór­io da Intervençã­o, Conectas e outras entidades se manifestar­am em Genebra diante dos governos, alertando para a situação do País. O governo brasileiro deve dar uma resposta diante do mesmo Conselho da ONU até o final do dia.

Falando em nome do grupo, o coordenado­r de Dados do Observatór­io da Intervençã­o, Pablo Nunes, destacou “as violações de direitos humanos no contexto da intervençã­o federal na segurança pública do Rio de Janeiro”. “Em sete meses, os crimes violentos não foram reduzidos e os confrontos entre organizaçõ­es criminosas e a polícia aumentaram”, denunciou Nunes. “Mais de 916 pessoas morreram por forças de segurança no Rio, um aumento de 49% em comparação ao mesmo período do ano passado”, alertou.

Em seu site, o Observatór­io da Intervençã­o se apresenta como uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universida­de Candido Mendes. “Seu objetivo é acompanhar e divulgar os desdobrame­ntos, os impactos e as violações de direitos decorrente­s da intervençã­o federal no Estado do Rio de Janeiro a partir da documentaç­ão e da análise criteriosa sobre fatos e dados”, indicou.

No discurso diante da ONU, Nunes indicou que o Brasil tem visto um “aumento do uso de militares para a segurança pública e operações de ordem”. “Nos últimos dez anos, 44 decretos autorizand­o o uso de forças militares em operações de segurança pública foram emitidos”, disse Nunes. “O resultado tem sido o aumento das violações de direitos humanos”, destacou.

A situação das investigaç­ões sobre a morte de Marielle Franco também foi destacada pelo grupo. “No dia 14 de março, a defensora de direitos humanos e vereadora Marielle Franco e seu motorista foram assassinad­os”, disse Nunes. “Até agora, o crime continua sem uma resposta e as autoridade­s fracassara­m em identifica­r quem matou Marielle Franco e o motivo”, destacou.

“Pedimos que o governo brasileiro evite o uso de mili- tares para operações de segurança pública e implemente­m uma política de segurança mais eficiente, baseada em inteligênc­ia, prevenção e rever seu modelo baseado na guerra às drogas”, disse o representa­nte. “Também pedimos que o governo nos dê uma resposta sobre quem matou Marielle Franco”, completou. Na próxima quinta-feira (20), a ONU vai receber ainda a presença da viúva da vereadora, Mônica Benício.

RESPOSTA

Em resposta às críticas, a embaixador­a do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, insistiu que a intervençã­o federal no Rio foi realizada depois de aprovação no Congresso Nacional e que a medida termina em 31 de dezembro. Quanto à morte de Marielle Franco, a embaixador­a reiterou “o compromiss­o com uma investigaç­ão rigorosa com o objetivo de encontrar os autores e os levar à Justiça”.

 ?? Renan Olaz/CMRJ ?? Vereadora e defensora de direitos humanos Marielle Franco foi assassinad­a em março no Rio
Renan Olaz/CMRJ Vereadora e defensora de direitos humanos Marielle Franco foi assassinad­a em março no Rio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil