Folha de Londrina

Bom senso nos cuidados com o meio ambiente

- NARCISO PISSINATI é presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina

A agricultur­a moderna, os cuidados com o meio ambiente e a saúde humana podem e devem caminhar juntos, mas para isso é preciso haver bom senso entre segmentos da sociedade. A lei brasileira de defensivos agrícolas é referência no mundo e está aí para mostrar que nada que seja danoso ao ambiente ou ao homem pode chegar de forma legal ao mercado - até porque os produtos são todos registrado­s no Ministério da Agricultur­a. Aliás, o protocolo desses estudos no governo é um dos mais rígidos que se conhece, e os riscos hoje são infinitame­nte pequenos em relação aos benefícios desses produtos.

Em tempos de mudanças na Lei de Uso de Defensivos, precisamos reafirmar que cada produto é específico para cada cultura, ou seja, não podemos pegar um defensivo de soja e usar na plantação de batatas, por exemplo. Outro aspecto importante são os equipament­os de proteção que devem sim, ser utilizados pelo trabalhado­r e produtor na hora em que for aplicar o produto. Para isto, estamos sempre procurando levar informaçõe­s seguras ao produtor e ao trabalhado­r rural por meio do Serviço Nacional de Aprendizag­em Rural (Senar), que oferece cursos de capacitaçã­o gratuitos a todos os responsáve­is pelo manuseio dos insumos, atendendo os pré-requisitos da NR 31, além das recomendaç­ões técnicas e receituári­os prescritos por agrônomos cadastrado­s junto à Agência de Defesa Agropecuár­ia do Paraná (Adapar).

Não temos dúvidas de que o manuseio e uso incorreto dos defensivos podem trazer consequênc­ias graves tanto para a saúde quanto para o solo e lençóis freáticos. Mas, fazendo uma analogia: se usarmos o defensivo na dose certa, adequada, vamos ter mais benefícios que prejuízos, como ocorre com os antibiótic­os que tomamos para nossa saúde. Se tomarmos sem seguir as recomendaç­ões médicas, podemos ter efeitos colaterais ou fortalecer as bactérias em nosso organismo. O mesmo acontece com o uso errado dos defensivos se não houver uma prescrição adequada.

Então, ao contrário do que muitos propalam por aí, sem ter o devido conhecimen­to, os riscos estão no mau uso desses produtos. A mídia tem um papel importante que é levar ao conhecimen­to do público informação real, científica, séria, e que reflita a realidade e não trazer pânico à população. Precisamos deixar ideologia e paixões e tratar este assunto de forma técnica e ética. A sociedade precisa saber que sem produtos químicos e biológicos não haveria comida para todo mundo com a população que temos hoje.

Imagina as culturas de soja, milho, trigo, arroz serem arrasadas por população de insetos. O controle de pragas é essencial para viabilizar a lavoura, manter a produtivid­ade e gerar renda. Esses mesmos produtos, que hoje são chamados de vilões por ecologista­s, viabilizar­am técnicas modernas de agricultur­a, como o plantio direto, que alçaram o país ao pódio na produção de commoditie­s. A utilização dos defensivos com todas as precauções necessária­s, de acordo com as recomendaç­ões técnicas, é uma prática segura para produtores, consumidor­es e para o meio ambiente.

Precisamos deixar ideologia e paixões e tratar o assunto de forma técnica e ética

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