OPINIÃO DO LEITOR
Câmara de Vereadores
Exemplo e reflexo do que ocorre na governança anárquica do País, a nossa Câmara de Vereadores não fugiu à regra e mostra que aqui também se pratica negociatas, corporativismo lesivo e submissão aos interesses do Executivo Municipal. Lamenta-se com veemência a ausência do vereador Felipe Prochet, justificada por motivos de tratamento de problemas familiares urgentes e inadiáveis. Os doze vereadores que votaram pela cassação, mas não conseguiram fazer justiça, pelo menos se alinharam à vontade da população honrada que deseja a todo custo o divórcio com o cenário policialesco que tomou conta da nossa casa legislativa em tempos passados. Na presente legislatura, essa conjuntura voltou a ocupar as páginas policiais com bastante frequência e intensidade, após a calmaria reinante nos quatro anos da legislação anterior.
LUDINEI PICELLI (administrador de empresas) - Londrina
Louvor à coragem
Vou mexer num vespeiro, mas não me incomodo. Repetem-se hoje cenas a que assisti nos primórdios da revolução de 1964. Pessoas arrancadas de casa na calada da noite, de pijamas, e levadas para interrogatório em local oculto, por denúncia de um desafeto. Quando saíam, sua reputação estava arruinada. Agora, com o fim de combater a corrupção, estamos incorrendo na mesma afoiteza ruinosa. Até há pouco tempo, tudo que se sabia sobre os vereadores acusados era de que se tratava de homens honrados. Bastou uma acusação, ainda sujeita à apreciação da Justiça, para que um deles perdesse emprego de mais de 20 anos, e ambos fossem afastados de suas atribuições parlamentares. Afirmar que a Câmara será cobrada pela não cassação, como disse um cientista político, soa como ameaça. Teria ele lido os autos e, como se fora juiz, concluído pela condenação? Enquanto advogado considero conscienciosa a máxima: in dubio pro reo. Aos que tiveram a coragem de não partilhar desse linchamento, minha sincera admiração.
RUBENS CHIAROTI (advogado) - Londrina