Folha de Londrina

Em dois meses, preço de massas e pães subiu 10% no País

- Pedro Rafael Vilela Agência Brasil

Brasília

- Desde julho, os preços de produtos à base de trigo, como massas alimentíci­as, pães e biscoitos, além da própria farinha de trigo, já aumentaram em até 10%, segundo estimativa­s de entidades que representa­m a indústria do setor no País. O percentual representa cerca de 40 vezes a variação da inflação média dos últimos dois meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,24% entre julho e agosto.

A principal explicação para a inflação dos alimentos à base de trigo está na dependênci­a externa que o Brasil tem do produto combinada com as recentes oscilações do dólar e do preço do produto no mercado internacio­nal. O trigo é um dos poucos grãos que o Brasil tem que importar de outros países para abastecer o mercado doméstico.

Pelos dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab), o Brasil deve produzir 5,2 milhões de toneladas de trigo em 2018 e comprar do exterior mais 6,3 milhões de toneladas, a maior parte oriunda da Argentina, seguida de países como Estados Unidos, Paraguai, Uruguai e Rússia.

O preço do trigo, que é um dos principais produtos negociados na Bolsa de Chicago (CME Group), nos EUA, chegou a atingir US$ 197,80 (R$ 819) por tonelada em agosto, o maior valor desde julho de 2015. Na parcial de setembro, o preço caiu um pouco, para US$ 181 (R$ 749,34), mas ainda bem superior à média do início do ano (US$ 158,91/ton em janeiro).

Além disso, como o preço internacio­nal do produto é calculado em dólar, a desvaloriz­ação do real aumenta seu custo de importação. No ano, o dólar se valorizou ante ao real em 22,86%, no acumulado até agosto. Somente no mês passado, essa valorizaçã­o foi de 8,45%.

“Se o mercado internacio­nal continuar oscilando e o câmbio também continuar oscilando para cima, os preços tendem a aumentar mais”, acrescenta Claudio Zanão, presidente da Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentíci­as, Pães e Bolos industrial­izados .

O repasse da alta do trigo ao consumidor também está sendo absorvido, em parte, pelos moinhos. “Houve um pequeno repasse no custo do trigo para o mercado interno, mas é difícil porque impacta no consumo e a economia ainda está desacelera­da”, reconhece Rubens Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

O empresário diz ainda que só não houve uma disparada maior nos preços porque este mês começa a colheita da safra brasileira de trigo no Paraná e no Rio Grande do Sul, que são os dois principais produtores do País.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil