Folha de Londrina

Na primeira entrevista pós atentado, Bolsonaro defende Paulo Guedes

Candidato do PSL desmente boatos de que seu “guru” na área econômica vá se afastar da campanha após fala sobre possível volta da CPMF

- Igor Gielow

São Paulo -

Na primeira entrevista que concedeu desde que sofreu um atentado a faca há duas semanas, o presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) defendeu seu guru econômico, Paulo Guedes, que criou polêmica ao defender uma espécie de CPMF (o chamado imposto do cheque) em palestra.

“O Paulo segue firme”, disse, sobre boatos de que ele poderia se afastar da campanha após cancelar uma série de eventos em que falaria sobre seus planos para a área econômica. “Posto Ipiranga” de Bolsonaro para a área, o economista já foi anunciado como ministro da Fazenda em caso de vitória do atual líder da corrida ao Planalto.

Segundo o candidato, Guedes nunca defendeu a volta da CPMF, que esteve em vigência de 1997 a 2007. “Isso é uma distorção. Ele apenas está estudando alternativ­as. Tudo terá de passar pelo meu crivo”, afirmou.

Bolsonaro falou por breves quatro minutos ao telefone com a Folha de S.Paulo de seu quarto no hospital Albert Einstein, onde se recupera de duas cirurgias. “Foi barra pesada. Eu quase morri, estou aqui por um milagre. Mas estou bem, meu bom humor voltou”, disse.

Ele tentou minimizar o mal-estar que a fala de Guedes criou na sua campanha. “Olha, ele não tem experiênci­a política. O cara dá uma palestra de uma hora, fala uma coisa por segundos e a imprensa cai de porrada nele”, disse, em referência à simplifica­ção tributária e de alíquota única de 20% do Imposto de Renda para quem ganha mais de cinco salários mínimos, feita em uma palestra de investidor­es e revelada pela Folha de S.Paulo.

“Se ele usa a palavra IVA (Imposto de Valor Agregado) e não CPMF, não tem confusão nenhuma. Parece uma boa ideia, vamos estudar. A alíquota única do IR para quem ganha mais é uma boa ideia”, afirmou ele. Sua voz, muito debilitada no vídeo divulgado por seu filho Eduardo no domingo (16), estava praticamen­te normal, apenas um pouco rouca. Guedes conversou nesta sexta (21) com Bolsonaro por telefone e irá visitá-lo no Einstein neste sábado.

TUTELA DE MOURÃO

Questionad­o, o presidenci­ável acabou não comentando a outra polêmica da semana, que foi o movimento para tutelar as falas e a presença do seu vice, o general Hamilton Mourão (PRTB). Na segunda, ele havia sugerido que lares pobres “sem pai e avô” são “fábricas de desajustad­os” para o narcotráfi­co.

Até aqui, o deputado só havia se manifestad­o por meio de vídeos gravados. “Eu cumpro rigorosame­nte as ordens médicas. É impossível eu ir para a rua ou participar de debates antes do primeiro turno. Vou fazer participaç­ões pela internet”, disse. Seus filhos, que tocam a campanha em sua ausência, haviam levantado publicamen­te a hipótese de Bolsonaro participar do último debate televisivo antes do pleito, no dia 4, na Rede Globo.

“Acho que terei alta nos próximos dias, mas continuo com muito antibiótic­o”, afirmou.

Ele se queixou bastante da campanha do PSDB, que vem batendo duro em sua imagem na propaganda eleitoral gratuita. “Vejo com muita tristeza o Geraldo Alckmin, uma pessoa em quem eu já votei. Ele pegou pesado. Eu não esperava isso dele, mas a verdade é que ele não é diferente do PT”, disse.

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Evaristo Sá/AFP Bolsonaro diz que Guedes nunca defendeu volta da CPMF: “Isso é uma distorção. Ele apenas está estudando alternativ­as”
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