Folha de Londrina

Políticos com mandato concentram fundo eleitoral

Os 25 deputados federais da bancada do Estado que tentam a reeleição na Câmara receberam mais de R$ 28 milhões de dinheiro público nesta eleição

- Rafael Costa e Guilherme Marconi Reportagem Local

Criado como alternativ­a às doações por empresas, o Fundo Especial de Financiame­nto de Campanha privilegia políticos que já ocupam cargos eletivos. Os 25 deputados federais da bancada do Paraná que tentam a reeleição receberam entre R$ 200 mil e R$ 2,5 milhões cada. Apesar da crise política, analistas projetam que a renovação na eleição de outubro será menor do que em 2014

Criado no ano passado como alternativ­a ao financiame­nto empresaria­l, proibido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2015, o FEFC (Fundo Especial de Financiame­nto de Campanha) não esconde os objetivos da classe política em manter os atuais donos do poder no Congresso Nacional. Os 25 deputados federais da bancada do Paraná na Câmara que tentam a reeleição receberam entre R$ 200 mil e R$ 2,5 milhões dos partidos de verbas do fundo eleitoral e partidária. Ou seja, concentram juntos mais de R$ 28 milhões de dinheiro público para buscar a reeleição.

O fundo público de R$ 1,7 bilhão para estas eleições, repartido conforme a representa­ção de cada legenda e seus votos na Câmara e no Senado, segue uma lógica de distribuiç­ão decidida pelas próprias siglas. O resultado é a concentraç­ão de recursos em políticos que tentam a reeleição, já ocupam outros cargos ou têm nomes conhecidos.

Isso é feito às claras: as próprias regras de distribuiç­ão publicadas pelos partidos apontam nessa direção. A resolução da comissão executiva nacional do MDB, por exemplo, estabelece que a probabilid­ade de êxito dos candidatos, a prioridade da reeleição e a estratégia nacional da agremiação são premissas para a distribuiç­ão do fundo, assim como a prioridade da reeleição. O documento também já determina que cada deputado federal em exercício do mandato leva R$ 1,5 milhão. O partido foi o que mais recebeu do FEFC: foram quase R$ 231 milhões.

Dono do segundo maior valor do Fundão, com R$ 212 milhões, o PT decidiu que a Executiva Nacional do partido realizaria a distribuiç­ão dos recursos aos candidatos, “observadas a estratégia político eleitoral nacional” e “prioridade­s definidas pela Direção Nacional do Partido e o potencial eleitoral das candidatur­as”. O partido destinou 35% do fundo para candidatur­as a deputado federal. Segundo o presidente da legenda no Paraná, o candidato ao governo Dr. Rosinha, não houve interferên­cia do diretório estadual nessa distribuiç­ão, que seguiu prioridade­s como a eleição do presidente da República, a reeleição de governador­es e a manutenção das bancadas.

O PR distribuiu R$ 113 milhões entre seus órgãos estaduais de acordo com o número de votos recebidos pelos deputados da bancada do partido em 2014 e com as bancadas no Congresso. No entanto, 30% foram reservados para serem distribuíd­os “por livre deliberaçã­o da Comissão Executiva Nacional”. No Paraná, os três deputados federais do partido são os únicos candidatos da sigla à Câmara. Além de concentrar­em todos os recursos para este fim no Estado, eles também ficaram responsáve­is por fazer a distribuiç­ão entre os candidatos a deputado estadual, informou o diretório à FOLHA.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) também definiu que 30% dos recursos do FEFC para candidatur­as de mulheres. Única candidata do PTB a deputada federal, Luísa Canziani também foi beneficiad­a pelo fundão com R$ 1,468 milhão na campanha. Luísa é herdeira política do pai, Alex Canziani, que se lançou ao Senado. Segundo a assessoria do PTB, por ser a única candidata a verba e o tempo de televisão ficaram concentrad­os na campanha dela. Ela foi beneficiad­a também pela regra da candidatur­a feminina.

No PSD, por exemplo, 20 candidatos estão na disputa. Mas a verba esta concentrad­a nas mãos de cinco. Os três deputados federais que têm mandato: Edmar Arruda, Sandro Alex e Evandro Roman receberam R$ 1,05 milhão cada do fundo eleitoral. O partido também destinou verba para o candidato Ney Leprovost de R$ 1,05 milhão que foi deputado estadual por vários mandatos. Stephanes Junior, outro herdeiro político, filho do ex-ministro Reinhold Stephanes, também conta com R$ 1,05 milhão do fundo. Outros dois candidatos receberam R$ 100 mil cada. As seis candidatas mulheres têm R$ 11 mil cada uma do fundo feminino. Já os demais candidatos não contam com verba do partido.

O fundo público de R$ 1,7 bi é repartido conforme a representa­ção de cada legenda e seus votos na Câmara e no Senado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil Fundo de campanha e as regras de distribuiç­ão dos recursos apontam para pouca renovação no Congresso Nacional
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