Políticos com mandato concentram fundo eleitoral
Os 25 deputados federais da bancada do Estado que tentam a reeleição na Câmara receberam mais de R$ 28 milhões de dinheiro público nesta eleição
Criado como alternativa às doações por empresas, o Fundo Especial de Financiamento de Campanha privilegia políticos que já ocupam cargos eletivos. Os 25 deputados federais da bancada do Paraná que tentam a reeleição receberam entre R$ 200 mil e R$ 2,5 milhões cada. Apesar da crise política, analistas projetam que a renovação na eleição de outubro será menor do que em 2014
Criado no ano passado como alternativa ao financiamento empresarial, proibido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2015, o FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha) não esconde os objetivos da classe política em manter os atuais donos do poder no Congresso Nacional. Os 25 deputados federais da bancada do Paraná na Câmara que tentam a reeleição receberam entre R$ 200 mil e R$ 2,5 milhões dos partidos de verbas do fundo eleitoral e partidária. Ou seja, concentram juntos mais de R$ 28 milhões de dinheiro público para buscar a reeleição.
O fundo público de R$ 1,7 bilhão para estas eleições, repartido conforme a representação de cada legenda e seus votos na Câmara e no Senado, segue uma lógica de distribuição decidida pelas próprias siglas. O resultado é a concentração de recursos em políticos que tentam a reeleição, já ocupam outros cargos ou têm nomes conhecidos.
Isso é feito às claras: as próprias regras de distribuição publicadas pelos partidos apontam nessa direção. A resolução da comissão executiva nacional do MDB, por exemplo, estabelece que a probabilidade de êxito dos candidatos, a prioridade da reeleição e a estratégia nacional da agremiação são premissas para a distribuição do fundo, assim como a prioridade da reeleição. O documento também já determina que cada deputado federal em exercício do mandato leva R$ 1,5 milhão. O partido foi o que mais recebeu do FEFC: foram quase R$ 231 milhões.
Dono do segundo maior valor do Fundão, com R$ 212 milhões, o PT decidiu que a Executiva Nacional do partido realizaria a distribuição dos recursos aos candidatos, “observadas a estratégia político eleitoral nacional” e “prioridades definidas pela Direção Nacional do Partido e o potencial eleitoral das candidaturas”. O partido destinou 35% do fundo para candidaturas a deputado federal. Segundo o presidente da legenda no Paraná, o candidato ao governo Dr. Rosinha, não houve interferência do diretório estadual nessa distribuição, que seguiu prioridades como a eleição do presidente da República, a reeleição de governadores e a manutenção das bancadas.
O PR distribuiu R$ 113 milhões entre seus órgãos estaduais de acordo com o número de votos recebidos pelos deputados da bancada do partido em 2014 e com as bancadas no Congresso. No entanto, 30% foram reservados para serem distribuídos “por livre deliberação da Comissão Executiva Nacional”. No Paraná, os três deputados federais do partido são os únicos candidatos da sigla à Câmara. Além de concentrarem todos os recursos para este fim no Estado, eles também ficaram responsáveis por fazer a distribuição entre os candidatos a deputado estadual, informou o diretório à FOLHA.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) também definiu que 30% dos recursos do FEFC para candidaturas de mulheres. Única candidata do PTB a deputada federal, Luísa Canziani também foi beneficiada pelo fundão com R$ 1,468 milhão na campanha. Luísa é herdeira política do pai, Alex Canziani, que se lançou ao Senado. Segundo a assessoria do PTB, por ser a única candidata a verba e o tempo de televisão ficaram concentrados na campanha dela. Ela foi beneficiada também pela regra da candidatura feminina.
No PSD, por exemplo, 20 candidatos estão na disputa. Mas a verba esta concentrada nas mãos de cinco. Os três deputados federais que têm mandato: Edmar Arruda, Sandro Alex e Evandro Roman receberam R$ 1,05 milhão cada do fundo eleitoral. O partido também destinou verba para o candidato Ney Leprovost de R$ 1,05 milhão que foi deputado estadual por vários mandatos. Stephanes Junior, outro herdeiro político, filho do ex-ministro Reinhold Stephanes, também conta com R$ 1,05 milhão do fundo. Outros dois candidatos receberam R$ 100 mil cada. As seis candidatas mulheres têm R$ 11 mil cada uma do fundo feminino. Já os demais candidatos não contam com verba do partido.
O fundo público de R$ 1,7 bi é repartido conforme a representação de cada legenda e seus votos na Câmara e no Senado