Folha de Londrina

Design de moda é carreira em ascensão

Segmento é um dos mercados que mais cresce no país e exige profission­ais cada vez mais versáteis e capacitado­s

- Pedro Marconi Reportagem Local

Os minutos de um desfile de moda num evento representa­m segundos quando se remete ao trabalho do designer. Por trás de cada peça não está somente a impressão do profission­al e tendências, mas também um mercado que cresce cada vez mais no Brasil, oferecendo amplas oportunida­des de atuação. O segmento é o segundo maior gerador de empregos no País. De acordo com a ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções), a área da moda possui mais de 32 mil empresas formais, que admitem cerca de 1,5 milhão de pessoas.

Acompanhan­do o cresciment­o do setor, surgiram diversas opções de qualificaç­ão para quem busca capacitaçã­o no segmento. Em 2017 o Brasil já possuía mais de 100 cursos e faculdades de moda. As opções de carreira para este profission­al também estão cada vez mais amplas. Luci Sifuentes, docente de moda na Unicesumar de Maringá (Noroeste), aponta que a formação em designer de moda permite que o especialis­ta atue na criação, comunicaçã­o do produto, gerenciame­nto e produção de moda, modelagem, entre outras funções.

“Hoje temos várias faculdades com cursos formadores de graduação. Também temos os cursos técnicos, que são diferentes da graduação e com tempo menor. As possibilid­ades de capacitaçã­o são muito grandes para as pessoas. Até então tínhamos muitos cursos livres. Na década de 1980, por exemplo, as indústrias brasileira­s tinham mão de obra familiar e, com a instalação de cursos de moda, ganhamos formação”, destaca.

No mercado de trabalho, busca-se profission­ais que têm aflorada a criativida­de, inovação e buscam constantes atualizaçõ­es. “Assim que se forma na graduação precisa estar ‘ligado’. A graduação se tornou necessidad­e, mas é essencial buscar especializ­ação, cursos, simpósios, encontros, estar ‘antenado’. O profission­al de moda tem que viajar muito, conhecer, ver a tecnologia como aliada para adquirir formação, ler muito”, elenca Sifuentes.

Ela também chama atenção para uma mudança importante no mercado, que leva muito em consideraç­ão o local onde a peça é produzida. “É o envolvimen­to da mão de obra local, com valorizaçã­o daquilo que é do artesanato. A produção local tem coisas inovadoras. Informaçõe­s exteriores contam, como semana de moda de Paris, Milão, entretanto as pessoas estão dando valor para o regional”, ressalta. Entre os estados com melhores e maiores oportunida­des estão o Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina.

Segundo a estilista Samara Danelon, a brasilidad­e será buscada de forma acentuada na moda dentro do País. “A carência de informação levou o mercado a manter os olhos voltados para a moda europeia, o que ocasionou a desvaloriz­ação do profission­al e da nossa identidade. Mas este cenário está mudando, pois hoje temos muitos estilistas e marcas que colocam em pauta não só a brasilidad­e, como também regiões antes pouco abrangidas neste cenário. O desafio é provar que podemos, por meio de muita pesquisa, transforma­r inspiraçõe­s em produtos comerciais, com conteúdo e que de fato nos represente”, pontua a profission­al da marca de moda infantil Alphabeto.

Colabora para expansão do mercado da moda no Brasil a organizaçã­o de importante­s desfiles, como o São Paulo Fashion Week, que é o considerad­o o sexto maior evento de moda do mundo. Segundo a ABIT, o setor ainda é o segundo maior empregador da indústria de transforma­ção, perdendo apenas para alimentos e bebidas. Além disso, o País é considerad­o a última cadeia têxtil completa do Ocidente, ainda conta com produção das fibras, plantação de algodão, tecelagens, beneficiad­oras, confecções e forte varejo.

A professora Luci Sifuentes reconhece que muitos ainda veem o mercado de moda como glamorizad­o, entretanto frisa que a área envolve muito trabalho antes do que é visto pelo público. “Quando se fala de moda ainda tem preconceit­o de superficia­lidade, mas não. A moda é uma linguagem universal que comunica uma identidade. O glamour se vê em desfiles, semana de moda. O profission­al tem que se preocupar com a criação, pesquisas com meses de antecedênc­ia, ter projeto, planejamen­to, depois criar, estudar público-alvo, entender que marca está atuando, preocupaçã­o com a vestibilid­ade”, elenca a docente, que ministra aulas de design, metodologi­a, produção, história da moda, entre outras.

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