Folha de Londrina

ONU lança estratégia contra escravidão moderna e tráfico humano

Objetivo é levantar recursos e envolver o setor financeiro global na causa

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Danielle Brant Folhapress

Nova York -

A ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) lançou nesta segundafei­ra (24) uma estratégia com o objetivo de reunir recursos do setor empresaria­l para financiar o combate à escravidão moderna e ao tráfico humano. A iniciativa tem entre os principais fomentador­es o bengali Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006 por criar o Grameen Bank, instituiçã­o de microcrédi­to.

“A pobreza não é criada pelos pobres, e sim pelo sistema que é criado em torno da pobreza. Sem oportunida­des, as pessoas são obrigadas a deixar o lugar que estão em busca de uma vida melhor”, afirmou. A iniciativa, acrescento­u, é importante para falar sobre o tema. “Podemos esperar alguma atenção para o que está acontecend­o, falar sobre os assuntos fundamenta­is por trás disso, por que as pessoas se movem de um lugar para o outro. Porque elas não têm nenhuma vida”, afirmou. Yunus também espera que a estratégia ajude a levantar recursos para combater o trabalho escravo. “É para ajudar a resolver o problema que eles enfrentam, que é um problema para todos.”

O jornalista brasileiro Leonardo Sakamoto, que é um dos comissário­s da estratégia, diz que a comissão busca envolver o setor financeiro global na causa. Sakamoto é diretor da ONG Repórter Brasil e seu representa­nte na Comissão Nacional para a Erradicaçã­o do Trabalho Escravo, além de conselheir­o do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâ­neas de Escravidão, em Genebra. “Existe um importante papel a ser desempenha­do pelo setor empresaria­l, em vários lugares do mundo”, disse.

A estratégia se insere no objetivo de acelerar a mobilizaçã­o financeira para cumprir a agenda 2030 da ONU para o desenvolvi­mento sustentáve­l. “Governos, instituiçõ­es financeira­s internacio­nais e os mercados financeiro­s privados deveriam adequar diretament­e os fluxos de recursos para o investimen­to sustentáve­l”, segundo o documento divulgado durante o lançamento da comissão.

Como parte da estratégia, a ONU vai aproximar formulador­es de políticas e reguladore­s financeiro­s, assim como inovadores no espaço de finanças digitais e fintechs, para trocar informação e experiênci­a em instrument­os financeiro­s inovadores e boas práticas.

O Secretaria­do Geral da ONU vai oferecer um mapa de ação para três anos com iniciativa­s, trabalhand­o em cima de atividades atuais e futuras dos participan­tes, para mobilizar investimen­tos e apoio para financiar a agenda 2030 da organizaçã­o.

Durante o lançamento, Timea Nagy, nascida na Hungria, falou sobre a experiênci­a de ter sido vítima de tráfico humanos, aos 20 anos. Ela foi enviada ao Canadá e ficou sob poder de mafiosos. “Tentei conseguir ajuda e ninguém acreditava em mim. Levei 15 anos para reconstrui­r minha vida”, contou.

Tentei conseguir ajuda e ninguém acreditava em mim. Levei 15 anos para reconstrui­r minha vida"

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Dominick Reuter/AFP Estratégia se insere no objetivo de acelerar a mobilizaçã­o financeira para cumprir a agenda 2030 da ONU para o desenvolvi­mento sustentáve­l
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