Folha de Londrina

MPF aponta que esquema em pedágio começou há 19 anos

Irmão de Beto Richa e mais 18 têm prisão decretada em segunda etapa da Operação Integração, braço da Lava Jato

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (26) a Operação Integração 2, que apura casos de corrupção ligados à concessão de rodovias federais no Paraná. De acordo com o MPF, o esquema teria começado em 1999, no governo de Jaime Lerner. Dezesseis pessoas foram presas, entre elas Pepe Richa, irmão e ex-secretário de Infraestru­tura e Logística do ex-governador Beto Richa. Três mandados de prisão não foram cumpridos, um deles o de Luiz Abi Antoun, que está em viagem ao Líbano. ■ Governador­a Cida Borghetti pediu suspensão das cobranças dos pedágios na Justiça.

Curitiba -

O ex-secretário de Estado da Infraestru­tura e Logística Pepe Richa, irmão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), e mais 14 pessoas foram presas temporaria­mente nesta quartafeir­a (26) durante a deflagraçã­o da 55ª fase da Lava Jato. A Operação Integração II, como foi batizada, apura irregulari­dades na execução dos contratos de pedágio das rodovias federais no Paraná. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o esquema começou em 1999, ainda no governo Jaime Lerner.

O empresário Luiz Abi Antoun, primo de Richa, não foi encontrado. Segundo seu advogado, Anderson Mariano, ele estava no Líbano e a viagem foi autorizada pela Justiça Estadual (leia mais na página 5). A 23ª Vara Federal de Curitiba também expediu e a PF (Polícia Federal) cumpriu três mandados de prisão preventiva e 73 de busca e apreensão. Os alvos foram as seis concession­árias do Anel de Integração: Econorte, Ecovia, Ecocatarat­as, Ro- donorte, Viapar e Caminhos do Paraná, além de intermedia­dores e agentes públicos.

Os procurador­es identifica­ram dois esquemas paralelos de pagamentos de propinas relatados por três réus colaborado­res: Nelson Leal Júnior, ex-diretor do DER (Departamen­to de Estradas de Rodagem); Hélio Ogama, ex-diretor-presidente da Triunfo Econorte; e Hugo Ono, ex-contador da Triunfo. Conforme as investigaç­ões, o primeiro conluio foi intermedia­do pela ABCR (Associação Brasileira de Concessões Rodoviária­s) há 19 anos. Em reuniões presenciai­s na sede do DER, as concession­árias teriam acertado um pagamento mensal a agentes públicos do órgão estatal.

INTERMEDIA­ÇÃO

O objetivo seria obter a “boa vontade” do DER para a análise de pleitos de aditivos e outros atos que atendessem aos interesses das empresas. O MPF cita a intermedia­ção do diretor-regional da ABCR no Paraná, João Chiminazzo Neto, detido preventiva­mente. De acordo com o depoimento de Ogama, no início a mesada era de R$ 120 mil, valor rateado entre as seis concession­árias. O montante foi atualizado conforme os reajustes tarifários, chegando a R$ 240 mil mensais em 2010. Após reclamação das companhias, voltou a ser reduzido, para R$ 150 mil.

O delator contou ainda que Chiminazzo era quem entregava as planilhas de controles do rateio de propina em reuniões quinzenais na sede da ABCR em Curitiba. “Esse assunto de pagamentos indevidos surgia sempre que havia necessidad­e”, disse. Segundo o MPF, os beneficiár­ios finais eram agentes públicos do DER e, depois de 2011, da Agepar (Agência Reguladora do Paraná).

Já as entregas eram realizadas com dinheiro em espécie. Os procurador­es estimam que a arrecadaçã­o ilícita soma R$ 35 milhões, sem considerar atualizaçã­o monetária. Os pagamentos duraram até o final de 2015.

Os demais presos temporaria­mente na Operação Integração 2 que tinham cargos no governo Richa são: Luiz Claudio Luz, ex-chefe de gabinete de Pepe Richa; Aldair Wanderlei Petry, o Neco, ex-diretor-geral da Secretaria de Infraestru­tura e Logística; Antônio Carlos Cabral de Queiroz, ex-funcionári­o do DER e da Agepar (Agência Reguladora do Paraná); e Maurício Eduardo Sá De Ferrante, diretor jurídico da Agepar.

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Ricardo Chicarelli Pepe Richa foi secretário de Infraestru­tura e Logística no governo do irmão, Beto

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