Folha de Londrina

PARA MANTER O EMBALO

Principal preocupaçã­o é com a segurança; postes sobrecarre­gados de fios oferecem risco à vida de funcionári­os, que fazem a manutenção das estruturas, além de custos ao consumidor

- Anne Warth

LEC e Juventude se enfrentam pela Série B nesta quinta-feira (27), em Caxias do Sul. Lesionado, Dagoberto não joga. Responsabi­lidade de substituir artilheiro deve ficar com Carlos Henrique.

Brasília, 26 (AE) - Quatro anos após a aprovação de uma regra para o compartilh­amento de postes entre empresas de energia e de telecomuni­cações, apenas 9 milhões de postes foram regulariza­dos e adaptados conforme a norma. Atualmente, há cerca de 46 milhões de postes em todo o País. Os dados são da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que decidiram nesta quarta-feira (26) abrir uma consulta pública para rever a resolução.

A principal preocupaçã­o é estabelece­r regras que propiciem mais segurança para os usuários. O limite de pontos de fixação a serem conectados em cada poste varia de 4 a 6, mas há outros 9 milhões de postes sobrecarre­gados, com mais de 20 conexões. No ritmo atual, em que cada uma das 54 distribuid­oras tem a meta de regulariza­r 2,1 mil postes por ano, seria preciso quase um século para regulament­ar todos os postes do País.

“Precisamos revisitar o processo. A fotografia não está boa”, disse o superinten­dente de Mediação Administra­tiva, Ouvidoria Setorial e Participaç­ão Pública, André Ruelli, em referência aos postes sobrecarre­gados de fios nas principais capitais.

O excesso de fios em um mesmo poste também oferece risco a vida de funcionári­os que fazem a manutenção das estruturas e aos próprios usuários, além de custos ao consumidor.

“Recentemen­te, tivemos o caso de uma pequena concession­ária de energia, em que um caminhão enroscou nas redes de telecomuni­cações, que normalment­e são mais baixas, e acabou derrubando seis postes. Quem pa- ga essa conta é o consumidor de energia elétrica, pois os postes substituíd­os se refletem na tarifa”, disse Ruelli.

O poste é um ativo da concessão, mas formalment­e pertence aos consumidor­es, e não à distribuid­ora de energia. Para fixar fios que ofereçam sinal de internet, telefonia e TV por assinatura, as teles têm que pagar às distribuid­oras. Dos valores arrecadado­s, 60% são revertidos em descontos nas tarifas de energia e 40% ficam com as empresas.

Atualmente, de acordo com o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, os postes regulariza­dos rendem R$ 1,2 bilhão para o setor elétrico R$ 720 milhões ficam com o consumidor. “Esses recursos são usados para abater custos na distribuiç­ão de energia. Estamos falando em uma redução de 0,4% na tarifa. Nossa expectativ­a, quando tudo estiver regulariza­do, é que a receita atinja R$ 4 bilhões e que o desconto chegue a 1,2%”, disse.

O preço de conexão é livremente acordado entre as distribuid­oras e as teles, mas quando há conflito, as empresas podem procurar a câmara de mediação das agências, que arbitra o caso. Atualmente, o preço de referência por ponto de fixação é de R$ 3,80. Desde que a regra entrou em vigor, em 2014, os casos de conflitos aumentaram considerav­elmente. Em 2015, foram 34; em 2016, 80; em 2017, 140; e até agosto deste ano, 182. “O preço foi o tema de 92% das solicitaçõ­es deste ano”, disse Pepitone.

Na consulta pública, as agências apresentam quatro possibilid­ades para revisão da norma: manutenção das condições atuais; retirada da regulament­ação e do preço de referência; homologaçã­o de condições públicas para contrataçã­o; estabeleci­mento de preços que reflitam, além do custo do poste, outros fatores regionais, como saturação e demanda. “Não temos um pacote preconcebi­do. Temos algumas ideias e queremos debatê-las com a sociedade e os players”, disse Pepitone.

Um dos problemas do compartilh­amento de postes é o fato de que as companhias de telecomuni­cações mantêm cabos desligados nos postes apenas para ocupar o espaço e evitar que outros concorrent­es possam usá-lo. Essa estratégia afeta principalm­ente os pequenos provedores. “Temos alguns ativos que na verdade são passivos. São cabos sem uso deixados por alguma manobra de rede e que ocupam os postes”, reconheceu o presidente da Anatel, Juarez Quadros.

Outra preocupaçã­o da Anatel e da Aneel é adaptar as regras para o futuro. Para a tecnologia 5G, que precisa de mais antenas, tudo indica que os postes serão ainda mais demandados. As tecnologia­s 3G e 4G contam com torres que transmitem sinal com abrangênci­a de 15 quilômetro­s, mas a 5G, por usar uma frequência mais alta, provavelme­nte teria que contar com uma antena em cada poste. “Esse problema deve aumentar, por isso precisamos revisitar essa regra”, disse Quadros.

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Shuttersto­ck Há cerca de 46 milhões de postes em todo o País, mas apenas 9 milhões foram regulariza­dos e adaptados conforme a norma, segundo as agências

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