Folha de Londrina

Beto Richa ‘só deu continuida­de ao esquema’, diz Leal

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O primeiro contrato de privatizaç­ão das rodovias federais no Paraná foi assinado em 1997. A partir daí, 2,5 mil quilômetro­s foram subdividid­os em trechos agrupados em seis lotes. Cada um deles foi licitado e ficou sob responsabi­lidade de uma concession­ária.

Nelson Leal Júnior lembrou em sua oitiva que, quando o então governador Jaime Lerner concorreu à reeleição, baixou a tarifa do pedágio em 50%. “Esse ato unilateral foi favorável às concession­árias, que inicialmen­te ficaram desobrigad­as de obras de ampliação”. Após o pleito, o preço foi restabelec­ido, “mas as empresas não precisaria­m retomar os investimen­tos”.

Na sequência, em 2000 e 2002, foram celebrados mais dois termos aditivos com cada concession­ária, que supostamen­te deveriam reequilibr­ar os contratos. No contrato original, havia a previsão de 850 quilômetro­s de duplicaçõe­s. Após os aditivos, a obrigação caiu para 450 quilômetro­s. O ex-diretor destacou que, antes de assumir o Palácio Iguaçu, em 2003, Roberto Requião (PMDB) lançou o slogan “ou baixa ou acaba” e deflagrou uma briga judicial com as concession­árias.

Para Leal Júnior, a disputa foi “totalmente inócua, pois o governo não efetivava as desapropri­ações necessária­s para as obras, o que acarretava na não realização. Ele prosseguiu que, em 2005, Requião assinou uma ata da comissão tripartite de acompanham­ento contratual, que reduziu a tarifa da Ecocatarat­as em 30%, em troca da retirada de todos os investimen­tos de ampliação. Assim, disse, “nos governos anteriores já haviam ocorrido diversos atos que favorecera­m as concession­árias”.

O colaborado­r argumentou também que, quando Richa tomou posse e ele foi para o DER, “só deu continuida­de ao esquema”. “O depoente ouviu de Pepe Richa que as concession­árias tinham apoiado financeira­mente a campanha de eleição do governador em 2010, sendo que, em razão disso, o governo Beto Richa já tinha assumido um compromiss­o com as concession­árias que, se fosse eleito, iria celebrar os aditivos contratuai­s para atender os interesses das concession­árias”, diz trecho do despacho.

(MFR)

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