Folha de Londrina

Pepe Richa é suspeito de comandar arrecadaçã­o ilícita no DER

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Curitiba -

Um dos 16 alvos de prisão temporária da 55ª fase da Lava Jato, deflagrada nessa quarta-feira (26), o exsecretár­io de Estado da Infraestru­tura e Logística Pepe Richa, irmão do candidato ao Senado Beto Richa (PSDB), é suspeito de comandar um esquema de arrecadaçã­o ilícita no DER (Departamen­to de Estradas e Rodagem), instituído em 2011. A Operação Integração II, como foi batizada, apura irregulari­dades na execução de contratos de concessão de rodovias federais no Paraná.

Segundo o despacho do MPF (Ministério Público Federal), o colaborado­r Nelson Leal Júnior relatou que foi convidado pelo ex-secretário no final de 2012 ou início de 2013 a ingressar no DER. Pepe teria então o orientado a procurar Aldair Wanderlei Petry, o Neco, para tratar do “adicional” ilícito que lhe seria pago para exercer o cargo de diretor. O colaborado­r também disse que o tucano detalhou como se dava a ocultação do patrimônio obtido com o dinheiro.

De acordo com o MPF, as propinas mensais eram de aproximada­mente 2% dos valores de cada contrato vigente com os fornecedor­es do DER. O esquema teria durado até 2014, período em que foram pagos aproximada­mente R$ 20 milhões. Para a produção dos valores em dinheiro vivo, as concession­árias superfatur­avam a contrataçã­o de serviços com empresas indicadas por Pepe. A investigaç­ão apontou que aproximada­mente 70 companhias estiveram envolvidas. Em troca, obtinham a “boa vontade” do DER para firmar aditivos generosos.

O ex-secretário já havia sido preso em 11 de setembro, durante a Operação Radiopatru­lha, que apura fraudes e pagamentos de propina a agentes políticos por intermédio do Programa Patrulha do Campo. Entretanto, foi solto três dias depois, graças a um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que liberou também Beto e Fernanda Richa.

Em nota, a defesa de Pepe Richa disse que ele nunca foi chamado pela Polícia Federal para esclarecer quaisquer fatos atinentes à Lava Jato e que não teve acesso aos autos. “O ex-secretário seguirá colaborand­o com a Justiça e confia que sua inocência restará provada na conclusão do processo”.

(MFR)

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