Como engajar as pessoas numa sociedade líquida
- Bom dia. Eu vim na empresa hoje apenas para pedir a minha demissão.
- Mas, como assim? Aconteceu alguma coisa? Você está conosco há apenas dois dias!
- É que eu já percebi que esse lugar não é para mim. Não é o que eu quero. Só isso.
É preocupante o número de pessoas recémcontratadas que pedem demissão de seus novos empregos sem mais nem menos. E o surpreendente é que isso também ocorre quando elas trabalham numa empresa com boas perspectivas futuras e líderes razoáveis. Simplesmente, algo as desencanta logo nos primeiros dias e tomam o caminho de casa.
No fundo, esse tipo de comportamento não é restrito ao mundo do trabalho. Você deve ter algum conhecido que se casou e alguns meses depois já estava separado devido a “incompatibilidade de gênios”. Aliás, tem muita gente que junta as escovas já pensando na possibilidade de cair fora se as coisas não caminharem do jeito que idealizam.
Isso tudo me faz lembrar de Zygmunt Balman, sociólogo e filósofo polonês que defendeu o conceito de modernidade líquida para explicar muitas das coisas que acontecem hoje em dia. Segundo ele, o ritmo incessante das transformações tem gerado tantas angústias e incertezas, que a nova lógica do mundo leva as pessoas ao individualismo e ao consumo desenfreado. Aliás, uma dica: sobre esse assunto, recomendo a leitura de “Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos” (Ed. Zahar), best-seller do próprio Bauman.