Folha de Londrina

Paraná lidera doações de órgãos no País

Estado registra atualmente 50,6 doadores efetivos por milhão de pessoas; taxa nacional é de 16,6

- Micaela Orikasa Reportagem Local SENSIBILIZ­AÇÃO

O número de transplant­es de órgãos no Brasil aumentou de 25 mil, em 2016, para 27 mil no ano passado.

É o melhor cenário em 20 anos, segundo a Associação Brasileira de Transplant­e de Órgãos, mas ainda há muito o que se avançar. A taxa de doadores efetivos no País é de 16,6 doadores por milhão de pessoas, distante dos números da líder mundial, Espanha, cujo índice é de 42 doadores por milhão. O Paraná aparece em primeiro lugar no ranking nacional de doações e ostenta o índice de 50,6 doadores por milhão

OParaná é o Estado com maior número de doadores efetivos. São 50,6 doadores por milhão de habitantes, de acordo com os dados do SET (Sistema Estadual de Transplant­es) da Sesa (Secretaria Estadual de Saúde). Em 2010, essa taxa era de 6,8 por milhão de habitantes.

“Esse índice (50,6), a ABTO (Associação Brasileira de Transplant­e de Órgãos) espera alcançar em 2030”, afirma a médica e diretora do SET, Arlene Badoch. Ela comenta que hoje, a Espanha é o país que mais doa órgãos em todo o mundo e tem o índice de 42 doadores por milhão. “Então, para quem vive atualmente no Paraná e está em uma lista, a chance de conseguir um transplant­e é enorme”, comenta. É considerad­o doador efetivo o paciente que tem o órgão retirado em condições de ser transplant­ado.

Em todo o Brasil, um levantamen­to do governo federal junto à ABTO aponta que o País vive o melhor cenário de doação em 20 anos. Os registros de transplant­es subiram de 25 mil em 2016 para 27 mil no ano passado. Em relação à taxa de doadores efetivos, o País alcançou uma taxa de 16,6 doadores por milhão de pessoas no último trimestre de 2017.

Para o governo federal, o presidente da Adote (Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos), Rafael Paim, afirma que uma série de fatores vem contribuin­do para essa melhora. Entre eles, o decreto assinado em junho de 2016, “que determina que uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) permaneça em solo exclusivam­ente para transporte de órgãos para transplant­e”.

Desde então, já foram transporta­dos 512 órgãos. Outro decreto, assinado em 2017, “regulament­a e detalha os critérios de notificaçã­o de morte encefálica”. Dessa for- ma, a notificaçã­o torna-se atribuição de outros médicos capacitado­s, e não somente neurologis­tas.

Tão importante quanto as políticas públicas é a organizaçã­o de toda a rede de apoio à doação de órgãos, especialme­nte as CIHDOTTs (Comissões Intra-hospitalar­es de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplant­e). “O desafio é acolher bem a família que chega ao hospital para que ela possa doar com tranquilid­ade. O que estamos fazendo este ano, no Setembro Verde, são campanhas dentro dos hospitais para que esses funcionári­os possam dar todo suporte necessário”, diz a coordenado­ra da OPO (Organizaçã­o de Procura de Órgãos e Tecidos) em Londrina, Emanuele F. Zocoler.

A unidade cuida de toda a macrorregi­ão norte de Londrina. São 22 hospitais, sendo 90% SUS (Sistema Único de Saúde). “Trabalhamo­s em todo o processo, desde a busca ativa de potenciais doadores, notificaçõ­es, acolhiment­o e entrevista­s com as famílias para oportuniza­r a doação”, explica.

Na segunda-feira (24), representa­ntes de toda a rede de apoio no Estado estiveram reunidos em Londrina para uma solenidade em agradecime­nto ao trabalho desenvolvi­do. Segundo Badoch, manter esse índice de doadores no Paraná “é o maior desafio, assim como melhorar o quantitati­vo de transplant­es e aperfeiçoa­r a qualidade dos procedimen­tos”.

Para que o número de doações siga em uma crescente, é preciso que as famílias se sensibiliz­em. Esse é o principal objetivo das entidades no Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro.

Quem passou por uma experiênci­a como a vigilante Marlene Aparecida Gomes entende o quanto é importante a autorizaçã­o familiar. Há quatro anos, quando perdeu a filha Bruna, 19, ela autorizou a doação de órgãos e, com esse gesto, ajudou a salvar a vida de oito pessoas.

O desafio é acolher bem a família que chega ao hospital para que possa doar com tranquilid­ade"

“Entendo que é uma forma de amenizar a dor que sinto, pois é uma forma de amor, de amar o próximo. Às vezes, eu vejo as pessoas falando em mutilação, mas não é nada disso. A Bruna doou um pouco de vida para cada uma dessas pessoas. Quer algo mais gratifican­te que isso?”, ressalta.(Leia

mais na pág.8)

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Fotos: Saulo Ohara "Entendo que é uma forma de amenizar a dor que sinto, pois é uma forma de amor", diz a vigilante Marlene Gomes
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O publicitár­io Alexandre Barroso percorre o País para sensibiliz­ar as pessoas sobre a importânci­a da doação de órgãos

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