Paraná lidera doações de órgãos no País
Estado registra atualmente 50,6 doadores efetivos por milhão de pessoas; taxa nacional é de 16,6
O número de transplantes de órgãos no Brasil aumentou de 25 mil, em 2016, para 27 mil no ano passado.
É o melhor cenário em 20 anos, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, mas ainda há muito o que se avançar. A taxa de doadores efetivos no País é de 16,6 doadores por milhão de pessoas, distante dos números da líder mundial, Espanha, cujo índice é de 42 doadores por milhão. O Paraná aparece em primeiro lugar no ranking nacional de doações e ostenta o índice de 50,6 doadores por milhão
OParaná é o Estado com maior número de doadores efetivos. São 50,6 doadores por milhão de habitantes, de acordo com os dados do SET (Sistema Estadual de Transplantes) da Sesa (Secretaria Estadual de Saúde). Em 2010, essa taxa era de 6,8 por milhão de habitantes.
“Esse índice (50,6), a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) espera alcançar em 2030”, afirma a médica e diretora do SET, Arlene Badoch. Ela comenta que hoje, a Espanha é o país que mais doa órgãos em todo o mundo e tem o índice de 42 doadores por milhão. “Então, para quem vive atualmente no Paraná e está em uma lista, a chance de conseguir um transplante é enorme”, comenta. É considerado doador efetivo o paciente que tem o órgão retirado em condições de ser transplantado.
Em todo o Brasil, um levantamento do governo federal junto à ABTO aponta que o País vive o melhor cenário de doação em 20 anos. Os registros de transplantes subiram de 25 mil em 2016 para 27 mil no ano passado. Em relação à taxa de doadores efetivos, o País alcançou uma taxa de 16,6 doadores por milhão de pessoas no último trimestre de 2017.
Para o governo federal, o presidente da Adote (Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos), Rafael Paim, afirma que uma série de fatores vem contribuindo para essa melhora. Entre eles, o decreto assinado em junho de 2016, “que determina que uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) permaneça em solo exclusivamente para transporte de órgãos para transplante”.
Desde então, já foram transportados 512 órgãos. Outro decreto, assinado em 2017, “regulamenta e detalha os critérios de notificação de morte encefálica”. Dessa for- ma, a notificação torna-se atribuição de outros médicos capacitados, e não somente neurologistas.
Tão importante quanto as políticas públicas é a organização de toda a rede de apoio à doação de órgãos, especialmente as CIHDOTTs (Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante). “O desafio é acolher bem a família que chega ao hospital para que ela possa doar com tranquilidade. O que estamos fazendo este ano, no Setembro Verde, são campanhas dentro dos hospitais para que esses funcionários possam dar todo suporte necessário”, diz a coordenadora da OPO (Organização de Procura de Órgãos e Tecidos) em Londrina, Emanuele F. Zocoler.
A unidade cuida de toda a macrorregião norte de Londrina. São 22 hospitais, sendo 90% SUS (Sistema Único de Saúde). “Trabalhamos em todo o processo, desde a busca ativa de potenciais doadores, notificações, acolhimento e entrevistas com as famílias para oportunizar a doação”, explica.
Na segunda-feira (24), representantes de toda a rede de apoio no Estado estiveram reunidos em Londrina para uma solenidade em agradecimento ao trabalho desenvolvido. Segundo Badoch, manter esse índice de doadores no Paraná “é o maior desafio, assim como melhorar o quantitativo de transplantes e aperfeiçoar a qualidade dos procedimentos”.
Para que o número de doações siga em uma crescente, é preciso que as famílias se sensibilizem. Esse é o principal objetivo das entidades no Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro.
Quem passou por uma experiência como a vigilante Marlene Aparecida Gomes entende o quanto é importante a autorização familiar. Há quatro anos, quando perdeu a filha Bruna, 19, ela autorizou a doação de órgãos e, com esse gesto, ajudou a salvar a vida de oito pessoas.
O desafio é acolher bem a família que chega ao hospital para que possa doar com tranquilidade"
“Entendo que é uma forma de amenizar a dor que sinto, pois é uma forma de amor, de amar o próximo. Às vezes, eu vejo as pessoas falando em mutilação, mas não é nada disso. A Bruna doou um pouco de vida para cada uma dessas pessoas. Quer algo mais gratificante que isso?”, ressalta.(Leia
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