BC rebaixa projeção do PIB para 1,4%; Ipea para 1,6%
Com a perda de ritmo da recuperação econômica no segundo trimestre e a paralisação dos caminhoneiros, o BC (Banco Central) voltou a revisar para baixo sua projeção para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, de 1,6% para 1,4%. As projeções para a indústria, agropecuária e consumo das famílias foram revisadas para baixo, segundo informações do relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quinta-feira (27).
Uma evolução mais lenta do que a esperada para o mercado de trabalho, assim como queda nos indicadores de confiança dos consumidores, levaram o BC a rebaixar a expectativa do consumo das famílias de 2,1% para 1,8%.
No caso da indústria, a expectativa do BC foi revisada de 1,6% para 1,3%, com queda em todas as atividades (indústria extrativa, indústria de transformação, construção civil e produção e distribuição de eletricidade).
A projeção para o comportamento de serviços se manteve inalterada, indicando alta de 1,3%. No caso do comércio, que o BC considera uma atividade de serviços, houve redução na projeção, de 2,7% para 2,3%.
Com a estimativa de redução da safra para alguns produtos, como milho e canade-açúcar, o desempenho da agropecuária foi revisado pela autoridade monetária de 1,9%, no último relatório, para 1,5%.
A expectativa do BC para investimentos (formação bruta de capital fixo) foi elevada de 4% para 5,5%, mas a autoridade monetária salientou que a alta está relacionada com a importação de equipamentos pela Petrobras (por causa de novas regras fiscais, a empresa precisa nacionalizar algumas plataformas de petróleo neste ano).
A projeção divulgada nesta quinta está mais alinhada com as projeções dos analistas ouvidos no boletim Focus, de uma expansão de 1,35% na atividade econômica de 2018. O BC também divulgou sua expectativa para 2019: a autoridade monetária espera um crescimento de 2,4% do PIB no ano que vem.
IPEA
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) também revisou nesta quinta-feira (27) a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para 2018 e 2019. Segundo o instituto, a economia brasileira deve crescer 1,6% neste ano e 2,9% em 2019. Na previsão anunciada três meses atrás, o instituto estimava altas de 1,7% e 3%. Já no início deste ano, o Ipea projetava crescimento de 3% nos dois períodos. As informações são da Agência Brasil.
De acordo com o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, o cenário se deteriorou ao longo do ano com a perda de confiança do mercado na continuidade das reformas e também com a greve dos caminhoneiros, em maio.
O economista afirmou que as projeções do instituto dependem da manutenção da crença de que o governo conseguir reverter o déficit nas contas públicas. Com as regras em vigor hoje, o Ipea prevê que somente em 2023 o Brasil terá superávit primário. “Caso não haja confiança em relação à política fiscal, essa trajetória fica comprometida”, disse Castro, que considera difícil manter o teto de gastos públicos sem rever as regras da Previdência Social.
Na projeção apresentada nesta quinta pelo Ipea, a indústria deve crescer 1,8% neste ano e 2,8% no ano que vem; os serviços terão expansão de 1,6% e 2,9%. A agropecuária deve cair 0,5% em 2018 e registrar expansão de 3,6% em 2019. Segundo o estudo, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) deve sair de uma queda de 1,8% em 2017 para duas altas, uma de 3,3% este ano e outra de 4,6%, em 2019. O consumo das famílias, na previsão do Ipea, crescerá 2% em 2018 e 3% em 2019. Já o consumo do governo deve cair 0,2% em 2018 e aumentar 0,5% em 2019.