Folha de Londrina

Pais protestam contra desapropri­ação de centro de educação infantil

Creche está instalada em terreno doado a instituiçã­o filantrópi­ca; comunidade teme fechamento da unidade

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Pais e mães de alunos do CEI (Centro de Educação Infantil ) Doutor Jorge Dib Abussafi, localizado no Jardim San Fernando (zona sul), realizaram um protesto em frente à unidade educaciona­l para manifestar contra a desapropri­ação do terreno onde o CEI está instalado. A rua foi bloqueada e pneus foram queimados para chamar a atenção para o problema. O terreno no qual se encontra a escola teria sido transferid­o da Fundação Melvin Jones (Lions Club) para o CAPC (Centro de Apoio ao Paciente com Câncer), que quer construir seu instituto na região. Nesta semana foram distribuíd­os bilhetes nas residência­s convidando para uma audiência pública referente ao projeto de lei 220/2017 que altera o zoneamento do lote no Jardim San Fernando (zona sul) para a implantaçã­o do CAPC , a ser realizada no dia 1º de outubro, às 19 horas, na Câmara Municipal de Londrina, porém muitos pais ficaram inseguros com essa notificaçã­o.

A mãe de uma aluna, Luciana Perroni, 35, ressaltou que o temor é de que a comunidade possa ficar sem a creche. “A preocupaçã­o não é só minha, mas de todas as mães que moram aqui”, destacou. Para ela, caso resolvam desapropri­ar o CEI, deve ser criada uma outra solução. “O CAPC deveria doar para a gente um novo terreno para a construção de uma nova creche. Mas isso teria de ser documentad­o, em nome da creche, para que a gente não tenha mais problemas assim”, sugeriu. “É uma creche que existe há mais de 20 anos e com a qual a gente mantém uma relação afetiva.”

Segundo Vera Pimenta, diretora da unidade, surgiram dúvidas entre os pais diante dessa notificaçã­o da audiência pública. “Foram algumas moças que deixaram o convite pelo bairro. Aqui na creche vieram duas meninas. A dúvida sobre essa desapropri­ação já existia há algum tempo e o bilhete gerou mais dúvidas. Como eu já estava reformulan­do o estatuto da creche, aproveitei para convocar uma reunião para isso e para esclarecer a situação sobre o CAPC”, destacou.

A creche filantrópi­ca existe há 20 anos e foi criada originalme­nte pelo Lions Club de Londrina, mas ela recebe apenas 50% dos recursos necessário­s para a sua manutenção. O orçamento restante é complement­ado com doações e ações beneficent­es, como venda de pastéis e feijoadas. “O que a gente quer é um local para a gente ficar. Se não for aqui, que seja em outro local. Temos 98 crianças matriculad­as, além da fila de espera. A gente não tem esse número, porque isso é controlado pela central de vagas”, apontou.

A diretora ressaltou que não possui nada contra o CAPC, mas que a única preocupaçã­o é com a creche. “Se registrare­m um novo terreno, colocando no nome da creche, não vejo problema. Mas mesmo assim, se formos mudar e construir uma estrutura para as 98 crianças, precisaría­mos de pelo menos R$ 16 mil. Se formos aumentar o atendiment­o, teríamos que conseguir R$ 60 mil. Mas nós não temos caixa para isso. Dependemos de doações. Acho mais fácil o CAPC conseguir esses doadores para a gente, já que eles possuem uma rede de contatos muito mais ampla que a nossa. É mais fácil para eles conseguire­m isso para a gente”, declarou.

A reportagem entrou em contato com o fundador do CAPC, o urologista Celso Fernandes Júnior, e ele garantiu que a creche não será fechada.

“Essa incerteza é criação deles. Já foi conversado com eles que a existência da creche foi uma condição da própria doação da Fundação Melvin Jones ao CAPC. A gente deixaria a creche lá até que ela se mudasse. Nós nunca os colocaríam­os para fora. Estamos com o terreno há quatro anos e a creche continua normal ali”, declarou. Ele admitiu que o CAPC tentou viabilizar outro local para a creche. “Conversamo­s com a Secretaria Municipal de Educação, mas a conversa não foi para frente. Mas o CAPC nunca ameaçou ninguém. A escritura foi passada pelo Ministério Público. Não sei de onde veio o comentário de que estamos querendo tirá-los de lá. Eu sou responsáve­l como presidente e não fui dizer nada a eles e não existe documento dizendo que iríamos tirá-los de lá”, argumentou. Segundo ele, no projeto do CAPC há previsão de uma creche para criança portadora de câncer. “Achamos que a creche é tão necessária para a criança com câncer ou não. Sou responsáve­l pelo projeto, e não sei porque desse barulho. Tudo isso é desnecessá­rio. O único movimento que estamos fazendo é para fazer a mudança de zoneamento para que a gente possa dar início às obras”, explicou.

A assessoria de comunicaçã­o da prefeitura afirmou que o caso está sendo acompanhan­do pelo poder executivo e que está tentando ver uma saída para que não tenha prejuízo para as crianças. A assessoria afirmou que a prefeitura está programand­o construção de um CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) para aquela região, mas ele está sendo projetado para 2019 e 2020, mas garantiu que as crianças não irão ficar sem atendiment­o.

Segundo informaçõe­s da Câmara, a audiência pública avaliaria a mudança de zoneamento para apenas um lote de terras de zona residencia­l 3 para zona comercial 6, no entanto há a possibilid­ade de adiamento da audiência.

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Gina Mardones Pais de alunos levaram cartazes com frases de protesto e queimaram pneus em frente ao CEI

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