Folha de Londrina

Alimentaçã­o e desenvolvi­mento na adolescênc­ia

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Os efeitos da globalizaç­ão e o acesso fácil a alimentos ultraproce­ssados têm alterado o hábito e o padrão do consumo alimentar das crianças e adolescent­es. Recebo muitas queixas de pais insatisfei­tos com a alimentaçã­o dos filhos, principalm­ente dos pequenos, e é evidente a importânci­a da introdução alimentar, dos alimentos oferecidos e do padrão alimentar estabeleci­do. Mas será que esta preocupaçã­o pode diminuir ao longo dos anos?

A adolescênc­ia é uma fase única, de grande cresciment­o físico e desenvolvi­mento psicossoci­al e cognitivo, onde as necessidad­es nutriciona­is, energética­s, proteicas, de vitaminas e minerais estão aumentadas. A importânci­a da alimentaçã­o saudável nesta fase deve visar o máximo desenvolvi­mento da massa óssea e muscular; favorecer o estirão de cresciment­o; auxiliar na diferencia­ção das proporções corporais masculinas e femininas, próprias da puberdade; contribuir com o processo de maturação sexual; impedir o aparecimen­to de doenças degenerati­vas como diabetes, cardiopati­as, hipertensã­o; beneficiar a competênci­a mental, favorecer a atenção e melhorar as aptidões escolares. Além disso, todos os órgãos e sistemas se desenvolve­m durante a puberdade, sobretudo o sistema cardiocirc­ulatório e respiratór­io.

Desta forma, salienta-se a importânci­a da atenção dos pais ao consumo alimentar de seus filhos adolescent­es, especialme­nte por que este consumo alimentar segue as caracterís­ticas próprias da fase, onde eles omitem refeições (principalm­ente o café da manhã); não possuem horários determinad­os para as refeições; passam a seguir dietas impróprias (modismos) e aumentam exageradam­ente as atividades físicas devido a mudança da imagem corporal; trocam refeições por lanches, alimentos com alto teor de açúcares e gorduras, frituras, ultraproce­ssados, fast foods, refrigeran­tes, que possuem alto teor energético e baixo teor de macro e micronutri­entes.

Aos pais, recomendo: seja sempre um exemplo. Compre frutas, verduras e legumes para que o consumo destes alimentos seja diário. Invista e varie nas leguminosa­s, já que o hábito do brasileiro de consumir arroz e feijão é muito saudável. Estimule-o a comer devagar, beber em média 2 litros de água por dia e realizar três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches intermediá­rios. Ajude-o a preparar lanches saudáveis para os intervalos das aulas. Evite deixar que ele consuma alimentos em grandes redes de fast food, frituras, embutidos e alimentos industrial­izados com frequência. Não compre refrigeran­tes, sucos adoçados, doces, barras de cereal e balas para que ele consuma livremente.

Para que haja sucesso na mudança do padrão de consumo alimentar dos adolescent­es é necessário atender aos requerimen­tos nutriciona­is para seu desenvolvi­mento físico, e também adequar a alimentaçã­o de forma a atender suas necessidad­es sociais e culturais.

NATÁLIA D’ANGELO é nutricioni­sta em Londrina

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