Folha de Londrina

O bilionário mercado PET

“Humanizaçã­o” de animais de estimação gera negócios de altas cifras; em 2017, o faturament­o do comércio varejista do segmento foi superior a R$ 32 bilhões

- Marli Moreira Agência Brasil

- Cada vez mais, cachorros e gatos dividem espaços com seus donos em casa num comportame­nto tão próximo ao dos humanos, que envolve cardápios elaborados, direito a passeios especiais, adestrador­es e salão de beleza. Hábitos que geram negócios bilionário­s e estão em curva ascendente. Só o comércio varejista do mercado pet faturou mais de R$ 32 bilhões no ano passado, estimuland­o a abertura de novos pontos de venda e a indústria do setor.

Dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) indicam que, no ano passado, os fabricante­s de alimentos, medicament­os e acessórios para o mercado pet tiveram um faturament­o de R$ 20,37 bilhões, o equivalent­e a 6,9% a mais do que em 2016.

Em 2018, a previsão é alcançar R$ 21,77 bilhões. Cerca de 68,6% desse total referem-se a produtos para nutrição animal, que em sua composição levam milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves, bovinos e peixes.

Para o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, a crise econômica fez os consumidor­es mudarem de comportame­nto. “Os tutores de animais de estimação não deixaram de comprar, mas estão procurando produtos mais em conta”, afirmou. O executivo reconhece, no entanto, que há “um potencial gigantesco” a ser explorado.

Segundo França, há uma clientela atenta às ofertas e aos serviços. Ele aponta que aumentou a demanda por uma série de serviços, como banho e tosa, passeios feitos pelos pet walkers, adestrador­es e por creches de animais. “Há uma conscienti­zação de que é importante a socializaç­ão dos pets não só com membros das famílias, mas com outros animais.”

Em relação ao aumento do leque de produtos, França destacou as opções de alimento completo e com versões para atender às necessidad­es especiais e ainda a oferta de acessórios e produtos que “humanizam” esses animais. Ele informou que para padronizar a qualidade na produção, foi criado o Manual Pet Food Brasil, em sua 9ª edição.

RANKING MUNDIAL

O Brasil é o terceiro maior mercado mundial, com uma participaç­ão de 5,1%, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Com base em levantamen­tos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), a Abinpet observou que o País ocupa a terceira colocação em número de animais (132 milhões) e só perde para a China (417 milhões) e os Estados Unidos (232 milhões).

Dados do Instituto Pet Brasil, citados pela Abinpet, mostram que, no ano passado, o comércio varejista do setor passou por expressiva profission­alização, tendo alcançado um faturament­o de R$ 32,92 bilhões entre serviços gerais, alimentos (food), equipament­os e acessórios (care), produtos veterinári­os (prod vet), serviços veterinári­os (serv vet) e vendas de animais de estimação.

As maiores movimentaç­ões ocorreram no varejo especializ­ado (pet shops), com R$ 26,61 bilhões. Desses, R$ 1,27 bilhões são da venda de animais de estimação, 4,77% da demanda dos pet shops. Na venda direta de animais pelo criador ao tutor, o volume atingiu R$ 3,39 bilhões.

Já o montante dos alimentos vendidos em supermerca­dos somou R$ 2,03 bilhões ou 6,1% do canal de vendas. Em 2017, o faturament­o do setor cresceu 5,8% sobre o ano anterior, quando havia alcançado R$ 31,11 milhões.

INVESTIDOR­ES

Os investidor­es estrangeir­os ampliam sua participaç­ão nesse segmento. Só neste ano, a rede Petz, que se tornou líder no varejo após a entrada no negócio do fundo norte-americano Warburg Pincus, já conta com 71 estabeleci­mentos espalhadas em sete estados ((São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul) e no Distrito Federal.

O coordenado­r de marketing da rede, André Marinho, informou que até o final deste ano, o número deve chegar a 80 e com a meta de continuar crescendo. A projeção, segundo revelou, é atingir 120 pontos de venda até 2020.

Para Marinho, o mercado foi estimulado tanto pela “humanizaçã­o” dos animais, principalm­ente os cães, que deixaram os quintais, indo para dentro de casa e hoje ocupando a mesma cama de seus donos, quanto pela profission­alização do setor. “Tem cursos na área, tratamento­s super diferencia­dos, adoção de animais resgatados das ruas e a questão do afeto. Tem gente que deixa de comprar para si, para não faltar nada para o pet, que é colocado em primeiro lugar e a gente aposta bastante nisso”, disse.

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