Folha de Londrina

CIDADANIA -

Projeto em Ibiporã elegeu nove alunos que serão instruídos por uma comissão sobre temas relevantes para o desenvolvi­mento do município

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Projeto Câmara Mirim aproxima a política de estudantes do ensino fundamenta­l em Ibiporã. Nove alunos dos 7º e 8º anos foram eleitos vereadores mirins e durante todo o ano, participar­ão de reuniões na Câmara, com o objetivo de debater propostas de interesse do município, como demandas das escolas e dos bairros

Eles não comparecer­ão às urnas para votar nessas eleições, mas a partir de 2019, nove alunos de 7° e 8° anos do ensino fundamenta­l II, de escolas estaduais e particular­es de Ibiporã (região metropolit­ana de Londrina), passarão a ter um envolvimen­to direto com a política.

Eles foram eleitos os novos vereadores mirins e durante todo o ano, participar­ão de reuniões na Câmara Municipal de Ibiporã e poderão até debater propostas de interesse do município.

Essa atuação se dá pelo projeto Câmara Mirim, criado em 1997 e que conta com o apoio da Justiça Eleitoral de Ibiporã. O objetivo principal, segundo o vereador Roberval dos Santos (PSDB), presidente da Câmara Municipal, é envolver os estudantes em atividades informativ­as e educaciona­is.

“O projeto completou 21 anos de desempenho de um papel muito importante, que permite a conscienti­zação política e a formação de um elo firme entre o Poder Legislativ­o e a comunidade escolar para geração de envolvimen­to e exercício da cidadania. Esperamos também que nos próximos 10 anos, tenhamos esses eleitores transforma­dos”, destacou.

Até o ano passado, a escolha dos vereadores mirins era feita por indicação dos diretores dos colégios, mas nesse ano, com a aprovação do projeto de resolução 001/2018, a eleição passou a ser direta. A votação aconteceu na semana passada, nas escolas participan­tes, e contou com 46 candidatos disputando nove vagas.

Para se candidatar, os alunos devem cumprir requisitos, como assiduidad­e igual ou superior a 75%, nota média igual ou superior a 7,0 e não terem recebido advertênci­a ou suspensão nos últimos dois anos. De acordo com Santos, além da eleição direta, foi criado um regimento interno definindo cargos, funções e responsabi­lidades.

“O projeto original não tinha regras bem definidas e a ideia nesse ano foi estipular normas, que vão desde a comprovaçã­o de presença e logística de votos. E para ter pauta, pois eles não são representa­ntes legais da população, teremos uma comissão que ministrará palestras aos vereadores mirins sobre as principais pastas do executivo”, explica.

A expectativ­a é que os vereadores mirins levem para a Câmara, demandas das escolas e dos bairros. “Isso será em forma de indicação e a presidênci­a da comissão encaminhar­á para o executivo que avaliará a viabilidad­e”.

A estudante Sara Estephany Garcia Silva, do 8° ano do Colégio Estadual Unidade Polo, foi eleita com 80% dos votos válidos. “Acho que os demais estudantes perceberam o quanto eu quero aprender sobre política, pois sei que não se trata apenas do que a gente vê na televisão. É claro que tem o lado ruim, mas também tem o lado bom. É o nosso futuro”, comenta. Silva tem 14 anos e espera com ansiedade pelo título de eleitor. Enquanto isso não acontece, alimenta a expectativ­a de aprender ao máximo como vereadora mirim.

“Essa participaç­ão política vai ser uma ótima experiênci­a. Sei que é só um começo, mas já penso em algumas questões que gostaria de melhorar na cidade. Em frente à nossa escola, por exemplo, a faixa de pedestres está apagada. Então, reforçar a sinalizaçã­o de trânsito no entorno das escolas seria uma proposta”, aponta.

No Colégio Estadual Olavo Bilac, Leonardo Machado de Lima Luiz, 15, aluno do 8° ano, foi o mais votado entre os estudantes e conta que se candidatou com o objetivo de colaborar com propostas de melhorias para a cidade.

“Por exemplo, a questão de vagas de estacionam­ento nas ruas. Acho que poderia ter algum serviço como o da Zona Azul em Londrina. Também gostaria de melhorar o telhado da escola, pois tem muita goteira em dias de chuva”, diz.

FUTURO

Para Mary Natsue Ogawa, chefe do setor de gestão de programas institucio­nais, da Escola Judiciária Eleitoral do Paraná, os projetos que envolvem estudantes na política dos municípios são importante­s para ampliar a participaç­ão deles e desconstru­ir a visão de política arcaica.

De acordo com ela, criou-se uma imagem muito negativa da política, mas é preciso ensinar os estudantes de que a política está presente no dia a dia, desde os serviços de ônibus, o acesso à educação de qualidade, estrutura da escola.

“A vida está nisso. Tá na hora de mudar nossa forma de pensar e é por eles que a gente vai fazer isso. Essa geração (de estudantes) não precisa aprender a votar. Eles precisam ser preparados para a participaç­ão política, pensando na formação de melhores eleitores e quem sabe, futuros candidatos”, afirma.

Entre os programas de visitas nas escolas promovidos pela instituiçã­o, Ogawa cita ainda que os alunos têm toda a vivência do processo eleitoral. “Uma das ações envolve jogos de tabuleiro, com cartas proibidas. A intenção é mostrar as pequenas corrupções do dia a dia, como colar na prova, furar a fila, entre outros e fazer os alunos refletirem sobre. É difícil mudar um comportame­nto de adulto, ao contrário das crianças”, sustenta.

Por meio de projetos em parceria com os municípios, a Escola Judiciária Eleitoral do Paraná, já atendeu cerca de 25 mil alunos.

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Anderson Coelho
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Fotos: Anderson Coelho A votação aconteceu na semana passada, nas escolas participan­tes, e contou com 46 candidatos disputando nove vagas
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A partir de 2019, nove alunos do 7° e 8° anos do ensino fundamenta­l II, de escolas estaduais e particular­es de Ibiporã, passarão a ter um envolvimen­to direto com a política
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