Folha de Londrina

Sem saneamento e sem saúde

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É notório o impacto negativo da falta de saneamento na saúde da população em um grande número de municípios brasileiro­s. Uma pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­as) vem corroborar a afirmação e mostra que, entre 2016 e 2017, 34,7% das cidades do país contabiliz­aram algum tipo de doença associada à falta de saneamento básico. Entre as mais frequentes, a dengue afetou 26,9% das localidade­s, seguida por diarreia (23,1%), verminoses (17,2%), chikunguny­a (17,2%) e zika (14,6%).

A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) avalia que cada US$ 1 investido em água e saneamento promoveria uma economia de US$ 4,3 em gastos com saúde no mundo. No Brasil, o levantamen­to do IBGE aponta ainda que apenas 31% dos municípios tinham sistema de esgotament­o sanitário licenciado por órgão ambiental. O percentual varia de uma região brasileira para outra. Enquanto o Norte e Nordeste alcançam percentuai­s de 13% e 15% respectiva­mente, o panorama muda no Sudeste, com 55% das localidade­s com licenciame­nto. No Sul, 29% das cidades tem licenciame­nto, enquanto no Centro-Oeste, 30% dos municípios respondera­m positivame­nte essa questão.

Lançado em 2007, o Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) previa investimen­tos anuais na ordem de R$ 18 a R$ 20 bilhões, totalizand­o mais de R$ 500 bilhões até 2033. Em sua execução, os projetos e os recursos devem envolver municípios, estados e a União, com o objetivo de expandir a produção e distribuiç­ão de água atendendo quase 17% da população brasileira que ainda não recebe água potável na sua porta. O Plansab também prevê a expansão da coleta e tratamento dos esgotos.

Infelizmen­te, passados 11 anos da sua criação, o país ainda caminha a passos lentos para reverter um dos problemas fundamenta­is para o desenvolvi­mento econômico e social brasileiro. Ainda hoje, menos de 50% dos esgotos coletados no país são tratados, com impactos diretos no dia a dia da população brasileiro. Os problemas de saúde pela falta de saneamento são os mais latentes, mas podemos elencar outros que também afetam essas localidade­s como impactos no turismo e no desenvolvi­mento econômico.

Por isso, o país precisa transforma­r o saneamento básico em uma política pública de Estado, independen­te da vertente partidária que esteja no poder. Só assim, conseguire­mos avançar e oferecer melhores condições de saúde para todos os brasileiro­s.

LUIZ PLADEVALL é vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

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