Folha de Londrina

Pepe Richa diz que ‘não sabe’ por que foi preso na Lava Jato

- Julia Affonso

São Paulo - O ex-secretário do Governo do Paraná José Richa Filho, o Pepe Richa, ficou em silêncio na Polícia Federal. O irmão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), candidato ao Senado, está preso desde 26 de setembro, alvo da Operação Lava Jato 55, denominada Operação Piloto.

“Por orientação de sua defesa, reserva-se ao direito de permanecer em silêncio; que o declarante não sabe por que foi preso; que no mandado de prisão não consta a capitulaçã­o sobre motivo de sua prisão”, informa o registro do depoimento, realizado pelo delegado Ivan Ziolkowski, no mesmo dia da prisão de Pepe.

“O mandado de prisão não foi acompanhad­o da decisão que motivou sua prisão; que nunca foi chamado a depor na Polícia Federal, exceto pelo motivo da Operação Piloto; que sua defesa não teve acesso aos autos, que tramitam sob sigilo, apesar de ter requerido em juízo.”

Pepe Richa foi preso temporaria­mente pela Lava Jato 55. No sábado, dia 29, o juiz federal Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba, converteu a custódia temporária em preventiva - reclusão por tempo indetermin­ado.

Beto Richa foi alvo de duas operações policiais. Em 11 de setembro, o ex-governador do Paraná foi preso na Operação Radiopatru­lha, que investiga desvios no Programa Patrulha do Campo - manutenção de estradas rurais. O tucano foi solto em 14 de setembro por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O exgovernad­or foi alvo ainda de buscas da Operação Piloto, investigaç­ão da Lava Jato, sobre supostas propinas da Odebrecht.

Na decisão, o magistrado apontou um “complexo e sofisticad­o esquema criminoso, que perdura há anos num cenário de corrupção sistêmica”.

Segundo o juiz, as prisões preventiva­s do irmão de Beto Richa e de mais dois alvos da Lava Jato “se revelam imprescind­íveis para preservar a ordem pública e econômica, na tentativa de desarticul­ar a associação criminosa, impedir a reiteração delitiva e recuperar o resultado financeiro criminosam­ente auferido como proveito da ação ilícita”.

DELAÇÃO

O ponto central da nova etapa da Lava Jato é a delação premiada do ex-diretor-geral do Departamen­to de Estradas de Rodagem (DER) no Estado, Nelson Leal Júnior. A PF e o Ministério Público Federal (MPF) reuniram provas de corroboraç­ão das revelações do delator.

A Lava Jato identifico­u dois esquemas paralelos de pagamentos de propinas envolvendo o DER do Paraná: um deles seria intermedia­do pela Associação Brasileira de Concessões Rodoviária­s (ABCR) e funcionava desde 1999 e outro de propinas mensais de 2% dos valores de cada contrato vigente com os fornecedor­es do DER, implementa­do no governo estadual, a partir de 2011. Os esquemas teriam girado R$ 55 milhões em pagamento de propinas.

DEFESA

A defesa de José Richa Filho se manifestou por meio de nota. Disse ser falsa a afirmação do delator de que teria sido orientado por Pepe Richa para tratar de supostos recebiment­os de propinas com outros investigad­os e que os atos de corrupção praticados e confessado­s pelo próprio delator nunca foram autorizado­s ou realizados a mando de José Richa Filho. “A defesa de José Richa Filho adotará prontament­e todas as medidas necessária­s à revogação da ilegal e abusiva prisão preventiva decretada”, afirmaram os advogados.

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Ricardo Chicarelli/25-05-2017 Irmão de Beto Richa teve a prisão temporária convertida em preventiva pelo juiz da 23ª Vara Federal de Curitiba, Paulo Sérgio Ribeiro

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