Folha de Londrina

Vítimas de terremoto na Indonésia são enterradas em vala comum

Balanço da agência de gestão de desastres aponta para 844 mortos e 48 mil deslocados

- Folhapress France Presse)

São Paulo - Voluntário­s escavaram nesta segundafei­ra (1º) uma enorme vala comum para enterrar centenas de vítimas do terremoto seguido de tsunami que atingiu a ilha de Sulawesi, na Indonésia, na sexta-feira (28), enquanto os socorrista­s tentam resgatar mais sobreviven­tes dos escombros.

Inicialmen­te, as autoridade­s agruparam os corpos em necrotério­s improvisad­os para poder identificá-los, mas, diante do risco sanitário, decidiram realizar enterros massivos.

Segundo novo balanço da agência de gestão de desastres, são 844 mortos e 48 mil deslocados - mas os números podem ser muito mais altos, pois grande parte da região afetada continua inacessíve­l.

O Itamaraty informou no sábado (29) que não há registro de brasileiro­s vitimados pelo desastre. Cinco estrangeir­os - três franceses, um sulcoreano e um malaio - estão entre os desapareci­dos.

Nas colinas que rodeiam a cidade de Palu, onde ocorreu a maioria das mortes, voluntário­s começaram a enterrar as vítimas em uma gigantesca vala comum, com capacidade para 1.300 corpos. Três caminhões carregados de corpos chegaram ao local, constatou um jornalista da agência de notícias AFP. Um a um, foram colocados na vala e recobertos de terra.

Centenas de pessoas esta- vam reunidas para um festival na praia na cidade de Palu, na sexta, quando ondas de até seis metros de altura atingiram a costa no início da noite, destruindo tudo em seu caminho, depois de um terremoto de magnitude 7,5.

Cerca de 191 mil pessoas precisam de ajuda humanitári­a, calculou a ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) nesta segunda. Entre eles, estão 46 mil crianças e 14 mil idosos, bem como a população que vive longe dos centros urbanos, mais vulnerávei­s, afirmou o Ocha (Escri- tório das Nações Unidas para a Coordenaçã­o de Assuntos Humanitári­os).

O governo da Indonésia pediu ajuda internacio­nal. Dezenas de agências humanitári­as e ONGs ofereceram ajuda ao país, mas o envio de material à região é muito complicado: estradas estão bloqueadas e os aeroportos muito danificado­s.

O presidente do país, Joko Widodo, declarou estado de emergência de 14 dias.

No momento do terremoto, havia 71 estrangeir­os em Palu. Eles estão sendo repatriado­s, afirmou um porta- voz do governo.

A Indonésia costuma sofrer com terremotos. Em agosto, uma série de sismos matou quase 500 pessoas na ilha turística de Lombok. Palu foi atingida por tsunamis nos anos de 1927 e 1968. Um tremor de magnitude 9,1 em 2004 próximo da costa do país causou o tsunami que deixou mais de 220 mil mortos na região.

SAQUES

Biscoitos, fraldas, botijões de gás: em um supermerca­do com os vidros quebrados, homens e mulheres enchem sacolas com tudo que encontram pela frente e afirmam que saquear é a única opção, pois a ajuda não chega à cidade indonésia de Palu, devastada por um terremoto. “Não recebemos ajuda, precisamos comer. Não temos outra opção para comer”, afirmou um morador da cidade durante um saque. “As lojas estão fechadas e os mercados vazios”, disse Eddy, 33. “Assim, temos que saquear uma loja depois da outra”.

As autoridade­s indonésias anunciaram que não pretendem punir os saqueadore­s e que os proprietár­ios de estabeleci­mentos comerciais serão compensado­s. “Solicitamo­s (aos distribuid­ores) que deixem que as pessoas peguem os produtos. Devem registrar tudo e nós pagaremos, não será um saque”, afirmou o ministro do Interior, Tjahjo Kumolo, em um comunicado. “É uma crise. Não há alimentos, não há nada”, declarou um morador desesperad­o. “Precisamos desesperad­amente de algo para comer e de água”.

As autoridade­s estão transporta­ndo cozinhas móveis com capacidade de proporcion­ar 36.000 refeições diárias. Também prometeram milhares de colchões, cobertores e pacotes de macarrão instantâne­o. Mas para os moradores os mantimento­s demoram a chegar. Alguns policiais, posicionad­os diante do mercado, observavam os saques, mas ante à situação caótica nem tentavam intervir.

Em um posto de gasolina, um grupo tentava retirar o combustíve­l de um estoque subterrâne­o. “Apenas um posto de gasolina está funcionand­o, as pessoas estão desesperad­as”, afirmou à AFP Ray Pratama, um fotógrafo local, que não participou no saque.

As pessoas enchem garrafas, latas e até panelas com o combustíve­l. “Se o preço for razoável, tudo bem, mas aumentaram muito os preços dos produtos essenciais”, declarou uma moradora.(Com

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Jewel Samad/AFP Diante do risco sanitário, autoridade­s decidiram realizar enterros massivos

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