Estudante será transferido para hospital de reabilitação
Jovem foi atingido por disparo em escola em Medianeira; autor do ataque está em centro de socioeducação
Oestudante de 15 anos que foi atingido nas costas durante o tiroteio no Colégio Estadual João Manoel Mondrone, em Medianeira (Oeste), será transferido de hospital. Ele foi ferido durante ataque orquestrado por outros dois alunos, na manhã de sexta-feira (28). A dupla fez disparos, lançou bombas caseiras e atingiu colegas com facadas. Pai da vítima, o marceneiro Éder Facundo contou que o estado de saúde do adolescente, que está internado no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, é estável. “Foi descartada a necessidade de cirurgia. O estado clínico está bom, melhorou muito e isso nos confortou bastante”, afirmou Éder, que é de Londrina.
Segundo Éder, a recuperação do movimento das pernas do filho pode tomar mais tempo. “Os especialistas da área disseram que não têm como medir a gravidade do caso, a quanto tempo de terapia ele seria submetido e não têm como prever como a recuperação pode evoluir”, afirmou Facundo aguarda transferência para o Hospital de Reabilitação do Paraná.
Avó do adolescente, a servidora pública aposentada Marcília Silvério Facundo, 69, recebeu a notícia do ataque pelo filho Éder. Ela expôs que, desde o episódio, passou a acompanhar o desenrolar dos fatos pelo noticiário. “Não tenho o que fazer para ajudar”, lamentou.
A mãe da vítima, Giglioli Schoeler Facundo, foi a Curitiba para acompanhar o filho, mas também precisou ser internada. “Ela estava com dor no peito por causa da pressão emocional, sentiu uma fraqueza e desmaiou. O médico pediu uma tomografia, detectou água no pulmão e ela foi internada e transferida para a Santa Casa de Curitiba”, relatou Éder.
O marceneiro disse que o filho quer “perdoar o agressor pelo ataque”. “Ele me disse que seu amigo deve estar sofrendo bastante. Me emocionou ver meu filho replicando toda a base cristã que passamos para ele. Ele sabe que o amigo fez aquilo por estar sofrendo e deve estar sofrendo ainda mais agora, pela decisão que tomou. Quando meu filho melhorar, a gente vai como família na casa dele. Esse jovem vai sofrer muita pressão da sociedade e é uma ferida que não cicatriza facilmente. Temos uma fé cristã muito forte e talvez ele não tenha recebido isso”, disse.
O pai do adolescente de 15 anos que atirou nos colegas foi liberado na noite de sábado (29), depois de pagar fiança de três salários mínimos. Ele foi autuado pelos crimes de posse ilegal de arma e omissão de cautela na posse de armas e vai responder em liberdade. O pai do outro rapaz envolvido no ataque foi interrogado e liberado pela polícia no mesmo dia do ata- que, na sexta-feira (28).
A reportagem tentou contato com o jovem de 18 anos que sofreu ferimento na coxa, mas ele não respondeu às ligações. Ele foi socorrido e liberado do hospital no mesmo dia do ataque.
De acordo com o delgado Denis Merino, os alunos atingidos não eram os alvos. Ele aguarda o laudo pericial referente ao atentado para tomar depoimentos dos jovens atingidos no ataque, que são suspeitos de cometer bullying. “Muitas vezes esses alunos que cometem o bullying também praticam infrações penais como agressões e isso está em andamento”, afirmou.
Sobre os envolvidos no ataque, Merino descartou que houvesse um terceiro jovem envolvido na ação. Os alunos que participaram do ataque foram levados para o Cense (Centro de Socioeducação) de Foz do Iguaçu. A assessoria de imprensa do Dease (Departamento de Atendimento Socioeducativo), ligado à Seju (Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos), não forneceu mais informações sobre os jovens para preservá-los. A reportagem tentou contato com os advogados da dupla, mas não obteve sucesso.
Esse jovem vai sofrer muita pressão da sociedade e é uma ferida que não cicatriza facilmente”