Folha de Londrina

Em 100 dias, 36 decisões urgentes na economia

- Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli

Brasília -

Com a grave situação das contas públicas, o próximo presidente terá de tomar, logo nos primeiros 100 dias de governo, 36 decisões considerad­as urgentes na área orçamentár­ia. Já nos primeiros dias, por exemplo, um decreto deve ser editado para proibir ministério­s de reajustare­m índices e tabelas que resultem em mais despesas no ano que vem. Isso tem sido feito sem controle, por meio de portarias, sem passar pelo Congresso, conforme reportagem da edição desta segunda-feira 1)do jornal O Estado de S. Paulo.

O mapeamento das decisões que o novo presidente precisa tomar e que não podem ser empurradas para depois de 31 de março foi feito pelo Ministério do Planejamen­to, como parte da transição para o próximo governo. As informaçõe­s estratégic­as estarão à disposição das equipes de todos os candidatos e da sociedade.

As medidas sugeridas pelo atual governo são polêmicas, como o endurecime­nto das regras do seguro-desemprego, a reformulaç­ão do Simples (regime tributário simplifica­do para pequenas empresas), e a revisão dos critérios que definem o piso do magistério (que hoje permitem reajustes superiores à inflação).

O documento aponta, ainda, a necessidad­e de redução do número de funcionári­os dos Correios e da Infraero e uma mudança no programa Minha Casa Minha Vida, para famílias de mais baixa renda. A proposta é reduzir o subsídio da União para cada unidade habitacion­al.

Neste plano, também está previsto o envio de um projeto ao Congresso para que os parlamenta­res aprovem um crédito “extra” de R$ 258 bilhões para bancar principalm­ente gastos da Previdênci­a e evitar o descumprim­ento da chamada “regra de ouro” do Orçamento, que impede a emissão de dívida para pagar despesas correntes, como salários. A não observânci­a da regra pode levar ao crime de responsabi­lidade fiscal.

O documento alerta para a necessidad­e imediata de um plano de revisão de despesas e renúncias até o final de março para atender à Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO). Isso inclui o adiamento do reajuste salarial dos servidores para 2020. “Os pontos de alerta são aquilo que têm data de vencimento. São as questões que já estão endereçada­s e requerem do governo eleito uma tomada de decisão já no primeiro trimestre de 2019”, diz o secretário-executivo do Planejamen­to, Gleisson Rubin.

Os dados mais reservados do governo serão repassados apenas depois da eleição à equipe de transição, que vai comandar os trabalhos do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília O Planejamen­to vai montar um painel eletrônico, que os integrante­s da equipe de transição poderão acessar por meio de senhas e obter um raio-X da administra­ção federal. “O objetivo é demonstrar um diagnóstic­o da situação e sugestões”, diz o ministro do Planejamen­to, Esteves Colnago.

No diagnóstic­o do governo, o teto de gasto, ainda que necessário, não é suficiente para garantir a sustentabi­lidade das contas públicas devido ao alto grau de engessamen­to das despesas. Essa rigidez passou de 85,6% em 2001 para 93,7% em 2017. Os gastos obrigatóri­os devem chegar a 98% do total de despesas do governo em 2021.

Para o cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice, a situação do próximo presidente pode ser mais complicada a depender da qualidade da equipe de transição e do apoio político no Congresso. Ele acredita também que para não criar pânico no mercado o próximo presidente deve buscar um caminho mais de centro, com a defesa das medidas do ajuste fiscal.

Medidas sugeridas pelo atual governo são polêmicas

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