Não é mole, não, juizão!
A Manu, minha filha, completa sete anos nesta quarta-feira (3). É esperta que só e já é apaixonada por esportes, especialmente futebol. Juro que não é influência minha, mas sei que vocês não vão acreditar. Enfim, ela gosta de vôlei, de basquete, tênis e, claro, futebol. Em seu repertório de comemorações de gol, estão as de Ronaldo, Mbappé, Griezmann e a Dança do Pombo do Richarlison. Ela pegou gosto por causa da Copa do Mundo. Achou o máximo ver o povo vibrando com suas seleções, ver as disputas, a luta para fazer ou evitar um gol, para ganhar o jogo. Ela se apaixonou por esses sentimentos que o esporte gera, essa disputa para ser o melhor dentro das regras e contando com a ajuda dos companheiros de equipe.
Pois bem, para ela e para quem gosta dessa máxima de que o melhor ou o mais competente deve vencer as disputas esportivas, o domingo (30) foi triste. Ela terminou o dia com um trevo na cabeça. Afinal, foram vários os episódios em que as regras foram contrariadas ou usadas de forma no mínimo antiética, para definir um resultado.
Logo pela manhã, veio aquela patifaria na Fórmula 1. Em casa, quando eu era moleque, o domingo de manhã era dividido entre a missa e a corrida. Meu irmão era fã incondicional de Ayrton Senna e eu sempre fui torcedor de Nelson Piquet. O pau comia nas pistas e no sofá de casa. Depois, sem Piquet para torcer, resolvi apostar em Rubinho, mas as coisas foram tomando um rumo esquisito na categoria. Até o dia do “hoje não, hoje não, hoje sim”. Perdi o gosto definitivamente. De vez em quando, ainda perco uns minutos vendo, mas não mais que uns minutos. No último domingo, a Manu quis assistir à corrida e a pergunta foi inevitável: “Por que ele deixou o outro carro passar, papai?”. “Eles são da mesma equipe, filha. E ele deixou para ficar mais fácil para o outro ser campeão. A regra permite.” É, Manu, se para você, que é uma criança, fica difícil entender, imagina para nós, adultos. Não desce na goela esse negócio de deixar o outro passar. Mas...
Bom, mudamos para o futebol e o juizão me marca um pênalti daqueles para o Cruzeiro, com a infração sendo cometida dois metros fora da área. “Ué, papai. Mas pênalti não é dentro daquele retângulo?”
Não bastasse esse erro grotesco, vieram os jogos da tarde para sacramentar o domingo infeliz. Pênalti para o Inter em cima do Vitória do mesmo jeito. “Ah, papai, você mentiu pra mim. Pênalti é quando a bola bate na mão do jogador fora da área”, esbravejou, trocando o futebol pela tarefa da escola. Ainda bem, pois não deu tempo de ver a última palhaçada do dia, lá na Vila Belmiro.