Folha de Londrina

Grupo mercadista firma acordo com MPT após coação eleitoral a funcionári­os

Presidente da rede Condor havia sugerido voto em Bolsonaro; segundo procurador­a do Trabalho, ele infringiu três artigos do Código Eleitoral e a Lei de Eleições

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redes sociais na noite de segunda-feira (1º), um dia antes de ser entregue. “Nestes tempos de crise econômica e de muitos boatos eleitorais venho até vocês para esclarecer os fatos desta eleição tão importante para todos nós brasileiro­s (?) Ele não tem medo de dizer o que pensa; protege os princípios da família, da moral e dos bons costumes; luta contra o aborto e contra a sexualizaç­ão infantil; é a favor da redução da maioridade penal e segue os valores cristãos”, escreveu.

O empresário argumentou que o texto foi elaborado com o intuito de assegurar aos funcionári­os que o 13° salário e as férias serão mantidos, mesmo que Bolsonaro, seu candidato, vença as eleições. “Estavam formando grupinhos dentro das lojas para falar sobre o assunto. Então achei bom esclarecer”, justificou. O Condor possui 48 lojas, no Paraná e em Santa Catarina.

“Acontece que, embora a intenção fosse de tranquiliz­ar, nós estamos num período eleitoral e existem várias incidência­s específica­s. A isso se soma o fato de que o senhor exerce uma liderança”, pontuou a procurador­a do Trabalho Cristiane Sbalqueiro Lopes, do MPT. “A legislação proíbe qualquer discrimina­ção no trabalho, inclusive sobre orientação política. Nesse contexto, essa carta pode ser interpreta­da como uma conduta que ofende a liberdade de crença política dos trabalhado­res”, completou.

Ainda segundo ela, o presidente do Condor infringiu três artigos do Código Eleitoral: o 299, o 301 e o 334. Além disso, descumpriu o artigo 41 A, parágrafo II, da Lei das Eleições (9504/1997). A procurador­a sugeriu que a nova carta se chamasse “retratação”, mas Zonta preferiu o título “esclarecim­entos”. “Em vistas da conciliaçã­o”, ela aceitou.

LIBERDADE

Para Monan Nadolny, do Siemerc, esse tipo de carta “fere a liberdade dos funcionári­os, bem como exclui as diferentes modalidade­s de família, orientação sexual e religião”. Dentre os 11 motivos listados por Zonta para votar no candidato do PSL estavam “preservaçã­o da família”, “garantia de ordem e progresso”; “garantia de propriedad­e”; “país sem corrupção” e “liberdade para governar”.

Paralelame­nte, a Procurador­ia Regional Eleitoral do Paraná instaurou procedimen­to preparatór­io eleitoral contra o Grupo Condor e seu presidente. A intenção é aferir se as declaraçõe­s constantes na carta podem, de alguma forma, constrange­r os funcionári­os. “O voto universal, direto e secreto é um dos pilares da democracia brasileira. Assim, todos os eleitores devem ter a liberdade de escolher o candidato que melhor o representa”, diz trecho do comunicado do Ministério Público Eleitoral. PT entra com reclamação no CNJ contra Moro

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