Conama dá até 2023 para veículos reduzirem poluição do ar
Instituto de Proteção Ambiental defende que os padrões de qualidade do ar sejam atualizados, conforme as normas da OMS, em um prazo total de nove anos
São Paulo - A Câmara Técnica de Qualidade Ambiental do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) aprovou, nesta terça-feira (2), o prazo até 2023 para que o Brasil adote medidas visando reduzir a poluição provocada por veículos. Uma das providências mais importantes discutidas na reunião, que faz parte do Proconve (Programa de Controle de Poluição Veicular), foi a necessidade de adaptação dos motores, principalmente dos ônibus e caminhões, ao modelo adotado na Europa, o euro VI, menos poluente.
“A proposta vencedora, com o prazo até 2023, foi defendida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CNT (Confederação Nacional de Transportes). Os ambientalistas e os ministérios da Saúde e Meio Ambiente defendiam o prazo final em 2022, ou seja, daqui a três anos”, afirmou Carlos Bocuhy, presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), uma das entidades que atuaram contra a extensão do prazo. Bocuhy é também conselheiro do Conama.
Com a aprovação na Câmara Técnica, a proposta segue agora para a plenária do Conama. “Se for aprovada, permitirá a entrada de frotas poluentes por mais um ano, ou seja, milhares de veículos pesados como ônibus e caminhões que circularão por mais 25 a 30 anos, a vida útil desses veículos”, declarou Bocuhy.
“Há um encaminhamento no sentido de adoção de prazos mais curtos”
Atualmente, conforme o Proam, a ausência de atualização tecnológica dos motores a diesel e a falta de filtros adequados nos escapamentos dos veículos causam a morte de 4 mil a 5 mil pessoas somente na cidade de São Paulo, dos quais a maioria crianças e idosos.
Um estudo nesse sentido foi feito por especialistas da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo). Além disso, os gastos do Estado de São Paulo por problemas de saúde decorrentes da poluição chegam a R$ 300 milhões por ano. “O nível de poluição de ar na cidade de São Paulo, conforme estudos recentes, é o dobro do que recomenda a OMS”, exemplificou.
A proposta do Proam, em conjunto com o Ministério Público Federal, é de que os padrões de qualidade do ar sejam atualizados, conforme as normas da OMS (Organização Mundial da Saúde), em três etapas, em um prazo total de nove anos. “Há um encaminhamento mais próximo com os Ministério do Meio Ambiente e da Saúde, no sentido de adoção de prazos mais curtos”, afirmou Bocuhy.