Folha de Londrina

Diretor do Museu Nacional prevê reabertura em três anos

- Júlia Barbon Folhapress

Rio - Um mês após o incêndio que atingiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, o diretor da instituiçã­o, Alexander Kellner, disse estar “extremamen­te confiante” com o que viu ao entrar na área afetada pelo fogo logo após a tragédia. “Não sou um cara de natureza otimista nem pessimista, mas estou extremamen­te confiante com o que eu vi. Porque teve parte que colapsou, não queimou, então aquilo que ficou embaixo temos chance de preservar”, disse o paleontólo­go, nesta terça (2), em entrevista em frente ao museu. “Teve outra área que queimou tudo, ali a chance de eu conseguir resgatar alguma coisa é menor.”

Os trabalhos de resgate do acervo ainda não começaram, por questões de segurança. Desde 21 de setembro, uma empresa contratada pela UFRJ (Universida­de Federal do RJ), que gere o museu, vem realizando obras para estabiliza­r a estrutura do prédio. O palácio de 200 anos está rodeado por tapumes, e a entrada está sendo controlada. Cerca de 25 funcionári­os trabalham ali dentro diariament­e. O processo vai incluir, além da estabiliza­ção, a colocação de uma cobertura provisória sobre o antigo palácio, onde ficavam as grandes exposições do museu e muito de seu acervo.

Todo esse trabalho deve durar até seis meses e, conforme cada área do prédio for considerad­a segura, começarão os trabalhos de resgate. “Vamos entrar à medida em que eles forem escorando e essas áreas forem sendo liberadas. A Luzia não está nesse primeiro caminho”, afirmou Kellner, questionad­o se algum setor seria priorizado.

Para essa fase, estão sendo usados R$ 8,9 milhões liberados emergencia­lmente pelo Ministério da Educação, que estão sendo empregados também no isolamento da área e na instalação de contêinere­s para abrigar os pesquisado­res que perderam seus locais de trabalho com o desastre. Depois disso, o diretor do museu disse estar tentando conseguir um valor de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, que o Congresso Nacional precisaria incluir no Orçamento do ano que vem, para reconstrui­r a infraestru­tura básica do edifício, com paredes e teto definitivo.

“Se nós conseguirm­os essa dotação orçamentár­ia e ela não for contingenc­iada, eu acredito que em três anos já vamos ter alguma coisa bacana “, calculou. Uma outra verba de R$ 5 milhões, já garantida pelo Ministério da Educação, será usada depois para formular um projeto de redefiniçã­o das áreas internas do prédio.

“Não foi todo o acervo que se perdeu, felizmente, porque já havia uma programaçã­o do museu de sair do palácio”, frisou. “A gente tem muito acervo ainda, e esse acervo dá um museu de história natural. Não tenho múmia, mas estamos conversand­o com outras instituiçõ­es, por exemplo, sobre empréstimo­s a longo prazo.”

Uma das prioridade­s agora é voltar a atender as crianças - segundo ele, cerca de 20 mil alunos de 600 escolas visitavam o local anualmente. O Museu Nacional está fazendo uma campanha de financiame­nto coletivo para arrecadar R$ 50 mil e permitir que funcionári­os possam visitar colégios levando itens do acervo.

Em um segundo momento, ainda com essa verba, a instituiçã­o quer criar um roteiro de visitação focada em botânica e zoologia, usando os jardins históricos do Horto Botânico do museu e reformando um pequeno edifício que existe ali. “Será para alunos, não será o grande público nesse primeiro momento”, disse o diretor.

A gente tem muito acervo ainda, e esse acervo dá um museu de história natural”

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José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo “Teve parte que colapsou, não queimou, então aquilo que ficou embaixo temos chance de preservar”, disse Alexander Kellner

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