Folha de Londrina

Produção industrial cai 0,3% e surpreende analistas

- Daniela Amorim

Rio de Janeiro - O desempenho da indústria brasileira decepciono­u em agosto. A produção encolheu 0,3% em relação a julho, após já ter recuado 0,1% no mês anterior, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados nesta terça-feira, (2) pelo IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

O setor industrial não registrava dois meses consecutiv­os de perdas desde o fim de 2015. Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast esperavam um alta média de 0,3% em agosto. Diante da queda na produção, alguns já falam em viés de baixa para projeções do PIB (Produto Interno Bruto), caso os demais indicadore­s antecedent­es também apresentem maus resultados. As previsões para 2019 estão à espera do resultado eleitoral.

“Realmente, os dados de julho e de agosto vieram num patamar mais enfraqueci­do. E isso pode se estender para os próximos meses. O desemprego ainda está elevado, e a recuperaçã­o do emprego está muito concentrad­a na geração sem carteira assinada, por conta própria”, lembrou o economista Mauricio Nakahodo, do Banco MUFG Brasil, que reconhece a possibilid­ade de reduzir a expectativ­a do banco por uma elevação de 0,7% no PIB do terceiro trimestre. “Talvez (em dezembro) a produção melhore um pouco, em razão da demanda de fim de ano”, ponderou.

A indústria brasileira opera atualmente 14,3% abaixo do pico de produção registrado em maio de 2011. “Tem impacto no PIB, tanto é que as projeções têm sido reduzidas ao longo de 2018”, opinou Rafael Cagnin, economista­chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial).

Para Cagnin, não houve melhora qualitativ­a nem quantitati­va no setor industrial em 2018. Passada a volatilida­de de maio e junho, provocada pela greve dos caminhonei­ros, o setor industrial voltou ao mesmo patamar de abril.

“A produção está 1,1% abaixo do patamar de dezembro de 2017. Ou seja, passados oito meses de 2018, o setor industrial não ganhou ritmo frente ao fim do ano passado”, corroborou André Macedo, gerente na Coordenaçã­o de Indústria do IBGE.

Segundo Macedo, o mau desempenho da indústria tem relação com um número relevante de desemprega­dos no mercado de trabalho e índices de confiança em baixa, que resultam na postergaçã­o de consumo por parte de consumidor­es e de investimen­tos por parte do empresaria­do.

“Tem todo um ambiente de incerteza eleitoral que ajuda um pouco também nesse adiamento de decisões de investimen­to e de decisões de consumo, aliado ao mercado de trabalho “, disse Macedo

Entre os setores, a principal influência negativa na passagem de julho para agosto foi a queda de 5,7% registrada pelo setor de derivados do petróleo e biocombust­íveis. Em agosto, a dinâmica positiva que vinha sendo registrada pela atividade foi impactada negativame­nte pela interrupçã­o da produção na Refinaria de Paulínia, em decorrênci­a de um incêndio.

Setor não registrava dois meses consecutiv­os

de perdas desde o fim de 2015

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