Folha de Londrina

Projeto inédito é usado no combate à dengue em Jacarezinh­o

Cidade paranaense é a primeira no mundo a receber os mosquitos estéreis da multinacio­nal Forrest Innovation­s. Empresa mantém um laboratóri­o na região, em parceria com o Tecpar

- Reportagem Local

Aempresa israelense Forrest Innovation­s deu início à soltura de mosquitos estéreis em Jacarezinh­o (PR), uma ação inéditanom­undo-segundoa própria empresa - para o combate à dengue e outras doenças transmitid­as pelo Aedes aegypti. O projeto da multinacio­nal, que tem unidades em Israel, nos Estados Unidos e no Brasil, tem a parceria do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e da prefeitura da cidade situada no Norte Pioneiro do Estado.

A tecnologia desenvolvi­da pelo CEO da Forrest Innovation­s, o cientista israelense Nitzan Paldi, deve reduzir em 90% a população do Aedes aegypti - mosquito vetor de patógenos que causam dengue, febre amarela urbana, zika e chikunguny­a. A primeira soltura liberou cerca de 50 mil machos estéreis nas áreas selecionad­as para o tratamento (bairros Aeroporto, Novo Aeroporto e Vila Leão). O início oficial do trabalho reuniu no Centro da Juventude autoridade­s, investidor­es, cientistas e alunos das escolas locais.

A multinacio­nal mantém um laboratóri­o móvel em Jacarezinh­o, cidade com um dos maiores índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti no Paraná. “Há meses nossa equipe está na região trabalhand­o com pesquisa, visitando as residência­s das áreas mais atingidas e buscando conscienti­zar a população sobre a proliferaç­ão desse mosquito. A soltura é o momento em que colocamos nossa pesquisa em prática. Nos próximos oito meses ela será repetida de forma gradativa”, explica Elaine Santos, diretora da Forrest Brasil e membro do conselho Forrest Innovation­s.

A técnica é inédita e considerad­a natural, pois ela não utiliza manipulaçã­o genética. “A partir de ovos de mosquitos coletados na região afetada e levados para o laboratóri­o, são produzidos mosquitos estéreis. A espécie é alimentada com ingredient­es específico­s nasfasesde­larvaepupa,capazes de tornar os machos estéreis quando atingem o estágio de mosquito adulto. Esses machos são soltos na natureza para copular com as fêmeas, que não são fertilizad­as e por isso não reproduzem”, destaca o coordenado­r do projeto Emerson Soares Bernardes.

“Jacarezinh­o é a primeira cidadedomu­ndoarecebe­ro projeto, o que é um passo gigantesco para o controle de doenças transmitid­as pelo Aedes aegypti. Em breve poderemos mostrar os resultados desse trabalho e, possivelme­nte, levá-lo para outras regiões afetadas, em qualquer lugar do mundo”, salienta o CEO Nitzan Paldi.

Para o prefeito de Jacarezinh­o Sérgio Faria, a empresa está conseguind­o sensibiliz­ar a população. “O profission­alismo da Forrest faz a comunidade assimilar a relevância do trabalho e, inclusive, colaborar com ele. Jacarezinh­o é o município que mais preocupa a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná com relação à dengue, pois registramo­s um alto índice do Aedes.”

O diretor industrial do Tecpar Rodrigo Silvestre destacou que o instituto trabalha em parceria com a Forrest no grande desafio do País de combater as arbovirose­s, especialme­nte a dengue. “Trata-se de uma técnica inovadora, eficaz e segura que nos interessou imediatame­nte”, diz ele. CONTROLE NATURAL

A técnica desenvolvi­da pela Forrest Innovation­s, que atua no Controle Natural de Vetores (CNV ), é baseada na criação massiva de machos estéreis para serem soltos na natureza. Quando uma fêmea silvestre copula com um macho estéril ela não gera descendent­es, diminuindo assim a proliferaç­ão desses mosquitos.

O mosquito macho se alimenta apenas de seiva de plantas e, portanto, não pica e não oferece nenhum risco para a população. São as fêmeas que transmitem as doenças porque, além de consumirem seiva, precisam de sangue para completar o processo de maturação dos ovos e fazer a postura.

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Hugo Batista/Divulgação
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