Folha de Londrina

Empresas apoiaram campanha em troca de aditivos nos contratos

- (N.B.)

Quando Beto Richa assumiu o governo, em 2011, já haviam sido assinados vários termos aditivos, que desequilib­raram os contratos em favor das concession­árias. Em 2012, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que fosse feito o reequilíbr­io em favor dos usuários. Mas, segundo um dos réus colaborado­res, as concession­árias tinham apoiado financeira­mente a campanha de eleição do governador em 2010. E, em razão disso, o governo já tinha assumido compromiss­o com as concession­árias. Se fosse eleito, iria celebrar novos aditivos em benefício delas e não dos usuários. E os aditivos em favor das empresas prosseguir­am.

Nem o MP nem a Receita Federal divulgaram estimativa de quanto as concession­árias teriam sido beneficiad­as. São citados vários aditivos no texto. Um deles, assinado em 2014, aumentou o degrau tarifário da Econorte em 24,7%. Noutro trecho, o colaborado­r afirma que embora o contrato previsse a duplicação integral da rodovia PR 407 - entre Praia de Leste e Paranaguá (litoral), só foram feitos cinco quilômetro­s, sob alegação da concession­ária de que o valor previsto contratual­mente era insuficien­te para a obra.

A propina, segundo o texto do juiz, era paga em espécie pelas concession­árias por meio de caixa dois. Elas celebravam contratos de prestação de serviços com empresas de fachadas indicadas pelo governo.

CPI

Segundo os colaborado­res, não havia preocupaçã­o relacionad­a às à CPI (Comissão Parlamenta­r de Inquérito) aberta em 2013 na Assembleia da Legislativ­a para investigar os contratos de pedágio. A CPI já começou com um “acordão” político. “Não havia vontade política de descobrir nenhum ilícito” e a “CPI era usada basicament­e com duas finalidade­s: obtenção de mais cargos para deputados da base aliada; e para solicitaçã­o de vantagem indevida por parte dos deputados da base aliada para as concession­árias”.

Uma informação curiosa é que, segundo um colaborado­r, houve licitação para contrataçã­o de empresas para fiscalizar os pedágios. Mas essas empresas estavam entre as que já pagavam valores indevidos. O mesmo colaborado­r disse ter sido chamado ao gabinete de Beto Richa, que estaria irritado pelo fato de o responsáve­l pelo recolhimen­to da propina não estar repassando os valores pra o próprio governador.

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