Folha de Londrina

REBELIÃO –

Um agente e dois detentos foram feitos reféns; Bope foi acionado, mas negociaçõe­s foram suspensas no início da noite

- Pedro Moraes Reportagem Local

Um agente penitenciá­rio e dois presos foram feitos reféns durante uma rebelião iniciada na manhã desta quinta-feira (4), na PEM (Penitenciá­ria Estadual de Maringá). Os amotinados tomaram parte da unidade e reclamavam de mudanças administra­tivas promovidas pela direção. Apesar das negociaçõe­s, até o fechamento da edição, o motim não havia terminado

Maringá -

Presos da galeria sete da PEM (Penitenciá­ria Estadual de Maringá), no município de Paiçandu, iniciaram uma rebelião na manhã desta quarta-feira (4). Dois detentos e um agente penitenciá­rio foram feitos reféns por volta das 9h30, durante a entrega dos kits de higiene. Oficialmen­te não foram informadas as reivindica­ções, mas os presos, por meio de ligação de celular aos familiares, reclamaram do comando da segurança da cadeia. Segundo eles, os agentes estariam prejudican­do o sistema de emissão de carteirinh­as para visitas, além de a chegada de um grupo de presos de uma facção rival ter aumentado a tensão entre os presos. Informaçõe­s não confirmada­s dão conta que o pavilhão seria comando pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Até o fechamento desta edição, a rebelião já passava de 12 horas de duração e o Depen (Departamen­to Penitenciá­rio do Paraná), ligado à Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administra­ção Penitenciá­ria) informou que as negociaçõe­s estavam suspensas.

Durante a manhã os rebelados colocaram fogo em colchões, o que provocou muita fumaça nas galerias. O incidente causou o desmaio de um agente, que precisou de atendiment­o médico. Apesar da ocorrência não houve nenhum registro de feridos. Agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais), de Curitiba, assumiram as negociaçõe­s com os rebelados, por volta das 15h. Ainda participar­am da operação agentes do SOE (Seção de Operações Especiais), do Pelotão de Choque, da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel), dos bombeiros e até uma equipe com um drone, equipado com câmera de alta definição, capaz de filmar e fotografar à distância.

Isolados no pavilhão, os presidiári­os rebelados ficaram sem água, luz e alimentaçã­o como parte da tática da polícia para sufocar o motim. No início da noite, outros dois carros com agentes do Bope aumentaram o contingent­e de policiais destacados para o conflito. Além do controle do conflito, os agentes tinham como preocupaçã­o manter as demais seis galerias controlada­s. Ao todo estima-se que 90 homens estão encarcerad­os nesta ala. Segundo o Depen, atualmente o presídio abriga 455 internos, em 67 celas, um número superior à capacidade do complexo que foi inaugurado em 1996, com capacidade para receber 360 detentos. Há três anos, uma ampliação aumentou para 430.

Ao longo de toda a tarde foi grande a movimentaç­ão na região. Curiosos e dezenas de familiares dos detentos foram para a porta da cadeia em busca de informaçõe­s. A todo momento novos boatos causaram desespero entre mães e mulheres que aguardavam por notícias. “Meu filho está preso na galeria sete. Há pouco mais de um mês, quando o encontrei pela última vez, ele havia me relatado que o clima estava muito tenso. A insatisfaç­ão era grande e era possível que acontecess­e uma rebelião”, afirmou a mãe de um jovem de 24 anos, condenado por tráfico de drogas.

A mulher de outro presidiári­o contou que, há aproximada­mente um ano, a quantidade de roupas e alimentos levados pelas famílias foi limitada. “Meu marido reclama que só pode ter duas mudas de roupa”, explicou.

Segundo informaçõe­s do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciá­rios do Paraná), cerca de 30 agentes trabalham na operação da unidade - cerca de 20 no plantão diurno e 10 no noturno. “A quantidade de agentes é quatro vezes menor do que determina o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciá­ria do Ministério da Justiça, de cinco presos para cada agente. Na PEM essa proporção é de 22”, afirmou o sindicato em nota no site da instituiçã­o.

Esta rebelião em Maringá é a quarta registrada este ano no sistema penal do Paraná. Em janeiro, os presos fizeram um motim na Penitenciá­ria Estadual de Ponta Grossa. Em julho, seis agentes foram feitos reféns na Casa de Custódia de Curitiba. Já no dia 11 do mês passado uma facção criminosa explodiu o muro da Penitenciá­ria Estadual de Piraquara 1, o que possibilit­ou a fuga de 28 detentos.

Por meio de nota, o Depen informou que o motim estava “isolado” na galeria sete e que a situação estava “controlada” e que não houve registro de feridos.

Há pouco mais de um mês, quando o encontrei pela última vez, ele havia me relatado que o clima estava muito tenso"

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Ricardo Chicarelli
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Fotos: Ricardo Chicarelli Rebelados colocaram fogo em colchões, o que provocou muita fumaça nas galerias
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Agentes do Bope, de Curitiba, ficaram responsáve­is pelas negociaçõe­s com os amotinados

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