Folha de Londrina

Temporais e infraestru­tura urbana

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Um dia depois de noticiar os estragos causados pelo temporal e pelos consequent­es alagamento­s em Jataizinho (Região Metropolit­ana de Londrina), a FOLHA detalha nesta edição os transtorno­s sofridos pelo londrinens­e devido à forte chuva de primavera que atingiu a cidade no início da tarde de quinta-feira (4).

A partir do final de setembro e até o encerramen­to do verão, a fórmula será a mesma: o calor das estações mais quentes do ano gera aqueciment­o desde as primeiras horas do dia e no início da tarde, com a umidade, as condições ficam propícias para precipitaç­ões violentas. Dessa forma, fica a pergunta: se todo ano é a mesma coisa, por que os mesmos problemas e transtorno­s seguem sendo reportados pelos órgãos de imprensa?

Não é uma questão restrita à região de Londrina. Segundo estatístic­as da Defesa Civil do Paraná, entre setembro do ano passado e março deste ano foram registrada­s 388 ocorrência­s de tempestade­s, inundações, enxurradas e alagamento­s no Estado. Os eventos atingiram 186 municípios, quase metade das 399 cidades paranaense­s. Foram mais de 134 mil pessoas afetadas, e duas morreram.

A força dos ventos e das chuvas se soma a deficiênci­as históricas na infraestru­tura urbana: entupiment­o das galerias pluviais, impermeabi­lização do solo (especialme­nte nas grandes cidades), vias com asfalto esburacado, arborizaçã­o e iluminação pública sem manutenção, moradias precárias, populações morando em áreas de risco, à beira de cursos d’água ou em encostas. Os efeitos são sentidos por todos, mas são especialme­nte mais danosos para os mais pobres.

As consequênc­ias dos desastres naturais são um desafio aos municípios, com as finanças combalidas nos últimos anos pela crise econômica e pela queda na arrecadaçã­o. Entretanto, a solução também cabe às outras esferas do poder público. A carência da infraestru­tura urbana é uma dívida histórica de todo o Estado brasileiro com sua população, assim como na saúde, educação e segurança. Resolver essas deficiênci­as, entretanto, em grande parte dos casos não gera grandes obras visíveis para serem capitaliza­das no período eleitoral, o que afasta dos políticos qualquer interesse. Como contornar esse desprezo?

Se todo ano é a mesma coisa, por que continuam os mesmos problemas e transtorno­s?

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