Folha de Londrina

Produção de veículos despenca em setembro

- Eduardo Sodré Folhapress

São Paulo - A produção brasileira de veículos caiu 23,5% em setembro puxada pela crise argentina que afetou as exportaçõe­s ao País, informou nesta quinta-feira (4) a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s).

Segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea, a indústria se prepara para um novo ciclo, com queda na produção e redução de envios de veículos ao exterior. Com isso, a Anfavea prevê redução de 8,6% nas exportaçõe­s neste ano.

As exportaçõe­s para a Argentina representa­vam cerca de 75% do total no setor automotivo. Em setembro, essa participaç­ão caiu para 50%. As vendas de veículos no mercado interno argentino caíram cerca de 35% na comparação entre os meses de setembro de 2018 e de 2017.

“Esperamos que as medidas que o governo de lá está tomando permitam à Argentina equacionar as suas dificuldad­es. Isso é muito importante para nós no Brasil”, disse Megale.

Por conta da crise no país vizinho, as montadoras buscam alternativ­as, disse o executivo. Ele também acredita que a conclusão dos ajustes no acordo comercial entre Estados Unidos, México e Canadá tende a melhorar o envio de carros para o mercado mexicano.

A alta do dólar não trouxe benefícios às exportaçõe­s, ainda segundo Megale. “A pior coisa no dólar é a volatilida­de. Trouxe alguma preocupaçã­o na importação de peças e não teve um grande impacto positivo nas exportaçõe­s.”

Sobre as vendas deste ano, a expectativ­a da associação é que as eleições não impactem esse número. “Qualquer que seja o candidato que ganhe a eleição, nós vamos vender 2,5 milhões de veículos neste ano. Essa é a nossa projeção”.

COMPENSAÇíO

Para compensar as perdas com exportaçõe­s, o mercado interno precisa manter a tendência de alta. Hoje, as empresas praticamen­te zeraram as políticas de proteção ao emprego, com os funcionári­os retornando às linhas de montagem. Boa parte desse movimento de retomada se deve aos bons números do setor de exportaçõe­s em 2017 e no início de 2018.

Contudo, as vendas no mercado nacional dependem da oferta de crédito. Hoje, sete dos dez automóveis mais vendidos custam menos de R$ 50 mil e atendem a um público mais dependente de linhas de financiame­nto, que, nos últimos anos, teve dificuldad­e em aprovar suas fichas jun- to aos bancos.

O presidente da Anfavea está otimista quanto à manutenção da oferta de crédito no setor automotivo. “Estão acontecend­o vários movimentos. A inadimplên­cia caiu muito, e a oferta de crédito em outras áreas, como o setor imobiliári­o, caiu também. Isso tem feito os bancos olharem mais para o segmento automotivo, vejo um movimento positivo aí”, diz Megale.

Na comparação com setembro de 2017, a produção teve queda de 6,3%. Com o resultado, no acumulado de janeiro a setembro, o volume produzido alcançou 2,19 milhões de unidades, 10,5% acima do total montado no mesmo período do ano passado.

Os licenciame­ntos de veículos novos no mês passado caíram 14,2% ante agosto e avançaram 7,1% na comparação anual, para 213,3 mil unidades, segundo os dados da entidade. As vendas nos nove primeiros meses do ano somaram 1,85 milhão de veículos, 14% a mais que o registrado um ano antes.

As exportaçõe­s de veículos e máquinas agrícolas em setembro somaram US$ 990 milhões (R$ 3,8 bilhões), queda de 23,6% ante agosto e de 28,6% sobre um ano antes.

Vamos vender 2,5 milhões de veículos neste ano. Essa é a nossa projeção”

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Sergio Ranalli/01-08-2017 Anfavea prevê redução de 8,6% nas exportaçõe­s neste ano: puxada pela crise argentina, que afetou as exportaçõe­s ao País, a produção nacional de veículos teve queda de 23,5%

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